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A serpente branca
A serpente branca Märchen

A serpente branca - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 11 min

Ha muito, muito tempo, houve um rei famoso em todo o país pela sua sabedoria. Nada ignorava e parecia que as notícias das coisas mais secretas lhe chegavam através do espaço. Esse rei tinha, porém, um hábito esquisito: todos os dias, uma vez terminadas as refeições, e ninguém mais se achando presente, um criado muito fiel devia trazer- lhe ainda uma sopeira coberta. O próprio criado não sabia o que continha, ninguém o sabia, porquanto o rei só a destapava quando estava completamente só. Isso durava há bastante tempo, até que um dia, não resistindo à curiosidade, o criado, ao levar de volta a sopeira, carregou-a para o quarto. Fechou, cuidadosamente, a porta, levantou a tampa e viu dentro uma serpente branca. Não pôde furtar-se ao desejo de prová-la e cortou um pedacinho, levando-o à boca; mas, apenas lhe tocou a língua, ouviu através da janela um estranho sussurro de vozinhas sutis. Chegou à janela e pôs-se a escutar; percebeu que eram dois pardais que conversavam entre si, contando tudo o que tinham visto nos campos e bosques. O pedaço de serpente que provara dera- -lhe a faculdade de entender a linguagem dos animais. Ora, aconteceu que, justamente nesse dia, desapareceu o mais bonito anel da rainha. As suspeitas de furto recaíram sobre o criado fiel, que tinha entrada em todos os aposentos do palácio. O rei chamou-o à sua presença e repreendeu-o severamente, ameaçando condená-lo como ladrão se até ao dia seguinte não indicasse o verdadeiro autor do furto. De nada adiantaram os protestos de inocência; a posição dele era bastante precária. Amedrontado e aflito, dirigiu-se ao pátio, cogitando na maneira de sair daquela situação. Perto do regato que por lá serpeava, repousavam tranquilamente algumas patas, deitadas uma junto da outra; alisavam-se as penas com o bico e tagarelavam misteriosamente. O criado deteve-se a ouvi-las; cada qual contava onde estivera pela manhã e que ótimos quitutes havia encontrado. Uma delas, aborrecida, contou:

– Algo me pesa no estômago. Esta manhã encontrei um anel debaixo da janela da rainha e, na pressa com que estava comendo, enguli-o. Imediatamente o criado pegou-a pelo pescoço e levou-a à cozinha, dizendo ao cozinheiro:

– Mata que esta está bem gorda. O cozinheiro ergueu-a com a mão a fim de calcular o peso e disse:

– Realmente, esta não perdeu tempo em engordar e já está na hora de ser assada!

A serpente branca Contos de fadas

Cortou-lhe a cabeça, e, quando foi aberta, encontrou- se o anel da rainha em seu estômago. Assim, o criado pôde facilmente demonstrar sua inocência. O rei, então, querando reparar a injustiça cometida, autorizou-o a fazer um pedido e, ao mesmo tempo, ofereceu-lhe o mais alto cargo do reino. O criado recusou tudo, pedindo somente um cavalo e dinheiro suficiente para viajar, pois tinha vontade de conhecer o mundo. O pedido foi atendido e ele pôs-se a caminho. Um dia, passando perto de uma lagoa, viu três peixes enredados nos juncos e que arquejavam fora da água. Embora se diga que os peixes sejam mudos, ele ouviu distintamente que se lamentavam por terem de morrer tão tristemente, e, como era de bom coração, desceu do cavalo e recolocou os três prisioneiros dentro da água. Eles voltaram a nadar alegremente e, pondo a cabeça para fora, disseram:

– Havemos de nos lembrar e te recompensaremos por nos teres salvo!

A serpente branca Contos de fadas

Ele prosseguiu o caminho e, pouco depois, pareceu-lhe ouvir uma voz sob os pés, saindo da areia. Deteve-se a escutar e ouviu o rei das formigas queixar-se:

– Oh, se os homens passassem ao largo com suas descuidadas montarias! Esse estúpido cavalo, com os pesados cascos, espezinhou sem piedade meu pobre povo! Ele então desviou o cavalo para um caminho pedregoso e o rei das formigas disse-lhe:

– Havemos de nos lembrar e te recompensaremos! A estrada, por onde seguia, conduziu-o a uma floresta; aí viu dois corvos, pai e mãe, que estavam atirando fora do ninho os filhotes! – Fora, – gritavam, – fora daqui seus mandriões; não podemos mais alimentar-vos; fora, já estais suficientemente crescidos para sustentar-vos sozinhos. Os pobres filhotes jaziam por terra, batendo as asas e gritando:

– Ai de nós, pobres infelizes! Temos de nos manter sozinhos e ainda nem sabemos voar! não nos resta senão morrer aqui de fome! O bom criado, então, desceu do cavalo e matou-o com a espada; depois entregou-o aos filhotes dos corvos para que se alimentassem. Estes acorreram saltitando, e após terem comido à vontade, disseram:

– Havemos de nos lembrar e te recompensaremos. Agora não lhe restava outro recurso senão servir-se das próprias pernas. Anda e anda e anda, chegando afinal a uma grande cidade.

A serpente branca Contos de fadas

As ruas estavam apinhadas de gente que fazia barulho ensurdecedor; nisso viu chegar um arauto a cavalo, anunciando que a filha do rei desejava casar-se, mas, quem aspirasse à mão dela, deveria antes executar uma tarefa extremamente difícil e se não o conseguisse seria morto. Muitos já haviam tentado e sacrificaram inutilmente a própria vida. Quando o jovem viu a princesa, ficou tão fascinado com sua beleza que esqueceu todo e qualquer perigo e apresentou-se ao rei como pretendente. Logo foi conduzido à beira mar onde, em sua presença, atiraram um anel de ouro à água. O rei ordenou que o pescasse do fundo do mar, acrescentando:

– Se voltares à tona sem o anel, serás mergulhado de novo, até morreres afogado. Todo mundo lastimava a sorte do belo jovem. Ele ficou sozinho junto ao mar, pensando no que lhe cumpria fazer quando, de repente, viu surgirem três peixes que vinham nadando em sua direção; eram exatamente os mesmos que havia salvo durante sua viagem. O que vinha no meio trazia na boca uma concha, que depositou na areia, aos pés do jovem; este recolheu-a e, ao abri-la, encontrou dentro dela o anel de ouro. Agradeceu aos peixes e, radiante de alegria, correu para levar o anel ao rei, esperando obter a prometida recompensa. A orgulhosa princesa, quando soube que ele não era de sangue real, desprezou-o, exigindo que executasse outra tarefa. Descendo ao jardim, ela espalhou com as próprias mãos dez sacos de milho no meio da grama, e disse:

– Se quiser casar comigo, terá que catar todo esse milho, sem que falte um só grão, até amanhã cedo, antes de raiar o sol. O jovem sentou-se preocupado no jardim e meditava, sem atinar na maneira de levar a termo aquela difícil tarefa. Desanimado e triste, contava ser condenado à morte assim que amanhecesse. Mas, quando os primeiros raios do sol iluminaram o jardim viu os dez sacos enfileirados, todos cheios, não faltando sequer um grãozinho de milho. O rei das formigas havia chegado durante a noite com milhões de súditos, e os insetozinhos, reconhecidos e zelosos, cataram todos os grãozinhos e encheram os dez sacos. A princesa desceu ao jardim e, pessoalmente, constatou, com grande assombro, que o jovem cumprira o que lhe tinha sido imposto. Ainda assim, não conseguiu vencer o orgulho que lhe dominava o coração. – Embora tenha executado as duas tarefas, – disse ela, – não o desposarei a não ser que me traga uma maçã da árvore da vida. O jovem ignorava completamente onde se encontrava a árvore da vida, contudo pôs-se a caminho disposto a andar enquanto Iho permitissem as pernas, sem esperança, porém, de encontrar a tal árvore. Havia já percorrido três reinos quando, um dia, ao entardecer, chegou a uma floresta. Muito cansado, sentou-se debaixo de uma árvore, tencionando dormir aí.

A serpente branca Contos de fadas

De repente, ouviu um roçagar por entre os galhos e uma maçã de ouro veio cair-lhe na mão. No mesmo instante, desceram voando três corvos; pousaram-lhe sobre os joelhos, dizendo:

– Somos os três pequenos corvos que livraste de morrer de fome. Agora já crescemos e viemos a saber que andavas à procura da maçã de ouro, senão terias que morrer.

A serpente branca Contos de fadas

Então atravessamos o mar, voando até aos confins do mundo, onde se encontra a árvore da vida, e de lá te trouxemos a maçã. O jovem agradeceu muito e, radiante de alegria, retomou o caminho rumo ao palácio, levando a maçã à princesa. Dividiram pelo meio a maçã da vida e comeram-na juntos; assim o coração da princesa encheu-se de amor pelo jovem. Casaram-se e viveram bem felizes até idade muito avançada.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

„A Serpente Branca“ é um conto de fadas dos Irmãos Grimm que explora temas como a curiosidade, a comunicação com a natureza e a recompensa pela bondade. Ele nos introduz a um rei sábio e um criado fiel que, ao ceder à curiosidade, descobre um segredo do rei ao provar uma serpente branca que lhe concede a habilidade de entender a linguagem dos animais.

A narrativa se desenrola com o criado usando sua nova habilidade para provar sua inocência em um caso de furto do anel da rainha. Após demonstrar sua inocência, ele decide explorar o mundo, onde sua bondade leva a uma série de encontros significativos com animais que ele ajuda e que prometem recompensá-lo.

Por fim, o conto culmina em uma série de desafios impostos por uma princesa orgulhosa que o criado deseja desposar. Com a ajuda dos animais que ele ajudou ao longo do caminho, ele completa todas as tarefas aparentemente impossíveis, incluindo a recuperação de um anel submerso, a coleta de grãos de milho e a obtenção de uma maçã da árvore da vida.

A história termina de maneira clássica, com a princesa reconhecendo o valor e a bondade do jovem criado, levando-os a se casarem e viverem felizes para sempre. O conto é uma celebração da lealdade, da bondade desinteressada e do poder do trabalho conjunto para superar desafios.

O conto „A Serpente Branca“ dos Irmãos Grimm é uma rica narrativa com elementos de magia, sabedoria e moralidade. Vamos explorar algumas interpretações possíveis desse conto de fadas:

Curiosidade e Consequências: O conto começa com a curiosidade do criado, que revela um aspecto importante do comportamento humano. Sua curiosidade o leva a desobedecer, mas também a adquirir um dom extraordinário: a capacidade de entender a linguagem dos animais. Isso pode ser visto como uma exploração do tema de buscar conhecimento além dos limites estabelecidos e das consequências, possivelmente benéficas ou prejudiciais, que podem advir disso.

Recompensa pela Bondade: Após adquirir a habilidade de compreender os animais, o criado realiza uma série de boas ações, ajudando peixes, formigas e corvos. Cada ato de bondade é recompensado posteriormente, ajudando-o a superar desafios praticamente impossíveis. Isso reforça o tema moral de que atos de bondade geram boas consequências — uma lição comum em contos de fadas.

Orgulho e Humildade: A princesa inicialmente despreza o criado por não ser de sangue real e impõe-lhe tarefas impossíveis. Este comportamento pode simbolizar as barreiras sociais e preconceitos, enquanto as vitórias do criado, graças à sua bondade e determinação, sugerem que qualidades internas são mais importantes do que o status social.

A Jornada do Herói: O conto é também uma típica jornada do herói. O criado parte em uma viagem, enfrenta desafios, e volta transformado. Ele começa como um simples criado e, através de suas ações e escolhas, demonstra qualidades de coragem, inteligência, e bondade. Isso subverte a tradicional ordem social, onde apenas a nobreza é vista como digna.

Árvore da Vida: A busca pela maçã da árvore da vida pode ser interpretada como uma busca por imortalidade, sabedoria, ou realização espiritual. É um elemento comum em diversas culturas que simboliza o conhecimento supremo ou o êxtase espiritual. Ao dividir a maçã com a princesa, há também uma mensagem de que o amor e a compreensão mútua são necessários para uma vida plena.

„A Serpente Branca“ como muitos contos dos Irmãos Grimm, utiliza elementos mágicos e fantásticos para explorar temas universais e morais, oferecendo lições que podem ser interpretadas de várias maneiras dependendo da perspectiva do leitor.

A análise linguística de „A Serpente Branca“, conto dos Irmãos Grimm, pode abranger diversos aspectos, desde a estrutura narrativa até os temas e o simbolismo presente no texto.

Introdução: O conto começa com a introdução de um rei sábio com um segredo. Este início estabelece o mistério central que motiva a história.

Desenvolvimento: A curiosidade do criado e os eventos subsequentes que levam ao seu mal-entendido e desejo de explorar o mundo formam o desenvolvimento da narrativa.

Clímax: O clímax envolve as provas impostas ao criado, que são superadas com a ajuda de aliados inesperados.

Desfecho: O conto termina com a resolução dos conflitos e a recompensa final, o casamento com a princesa.

Simplicidade e Clareza: O texto é caracterizado por uma linguagem simples e direta, típica dos contos de fadas, que facilita a transmissão da moral e dos ensinamentos subjacentes.

Repetição: A repetição de estruturas e situações (ajuda aos animais e suas subsequentes recompensas) cria um ritmo que é comum nos contos tradicionais.

Diálogo: Através dos diálogos, principalmente dos animais, é expresso o valor da bondade e da reciprocidade.

Curiosidade e Consequências: Inicialmente, a curiosidade do criado leva a uma situação precária, mas também desencadeia a descoberta de um dom especial – a capacidade de entender a linguagem dos animais.

Lealdade e Bondade: A bondade do protagonista gera lealdade e ajuda dos animais que ele auxilia, refletindo a ideia de que boas ações são recompensadas.

Provas e Superação: As tarefas impossíveis impostas pelo rei e pela princesa representam obstáculos que o herói deve superar, um tema comum que simboliza o crescimento pessoal e a superação dos desafios.

A Serpente Branca: Simboliza o conhecimento e a transmissão de um poder especial. A serpente é frequentemente associada à sabedoria em várias culturas.

Os Três Animais: Peixes, formigas e corvos representam diferentes elementos da natureza (água, terra, ar) e mostram como o equilíbrio e a interação harmoniosa com o ambiente trazem recompensas.

A Maçã da Vida: Simboliza a imortalidade, a sabedoria suprema ou a realização plena, um objeto de desejo que completa a jornada do herói.

Gratidão e Retribuição: O conto enfatiza a importância de sermos gratos e retribuirmos a bondade recebida.

Superação do Orgulho: A transformação da princesa, que inicialmente é orgulhosa, mas acaba por reconhecer o valor do protagonista, sugere a importância de julgarmos pelos méritos e ações, não pela origem ou aparência.

Ao analisar este conto, podemos ver como ele utiliza uma narrativa envolvente para passar mensagens de moralidade, bondade e sabedoria, enquanto entretém com uma história mágica e cativante.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 17
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 673
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, HU, IT, JA, NL, PL, RU, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson41.3
Flesch-Reading-Ease Índice20.9
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice18.5
Coleman–Liau Índice11.2
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado8.9
Número de Caracteres8.113
Número de Letras6.426
Número de Sentenças80
Número de Palavras1.402
Média de Palavras por frase17,53
Palavras com mais de 6 letras334
percentagem de palavras longas23.8%
Número de Sílabas2.786
Média de Sílabas por palavra1,99
Palavras com três sílabas403
Percentagem de palavras com três sílabas28.7%
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