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A camponesinha sagaz
Grimm Märchen

A camponesinha sagaz - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 11 min

Houve, uma vez, um campônio que não possuía nem um pedaço de terra, apenas uma casinha e a filha. Esta, um dia, disse ao pai:

– Deveríamos pedir ao rei que nos desse uma quadra de terra. O rei, ao saber que eram tão pobres, deu-lhes um lote que não passava de um torrão cheio de mato. Pai e filha puseram-se, com afinco, a capinar e a revolver aquela pobre terra a fim de semear algum trigo e hortaliças. Já haviam cavoucado quase todo o torrão quando acharam, semi-enterrado, um pequeno pilão de ouro maciço. – Escuta aqui, – disse o pai, – como o nosso rei foi tão generoso conosco e nos deu este campo, acho que deveríamos dar-lhe este pilão como prova de reconhecimento. A filha não era da mesma opinião e objetou:

– Meu pai, se lhe levarmos o pilão há de querer também a mão-de-pilão e teremos de a procurar; portanto acho melhor ficarmos calados. O pai, entretanto, não lhe deu atenção; embrulhou o pilãozinho e foi levá-lo ao rei, contando-lhe que o haviam achado no meio da terra e que desejavam oferecer-lho. O rei aceitou o pilão mas perguntou se não haviam achado mais nada. – Não, Majestade; – respondeu o camponês. O rei disse-lhe:

– É preciso trazer, também, a mão-de-pilão. O camponês respondeu que haviam procurado mas não conseguiram encontrá-la. Essa explicação de nada serviu e o rei mandou que o trancassem na prisão até que tivessem encontrado o tal objeto. Diariamente, os guardas levavam ao camponês a ração de pão e água, que é o que dão nas prisões, e sempre o ouviam lamentar-se e exclamar:

– Ah, se eu tivesse dado atenção à minha filha! Tanto ouviram essa exclamação que resolveram ir
contar ao rei, repetindo o que sempre dizia o prisioneiro: „Ah, se eu tivesse dado atenção à minha filha!“ contando ainda que ele não queria comer nem beber nada. O rei, então, mandou buscar o prisioneiro e perguntou-lhe por que era que vivia a repetir: „Ah, se eu tivesse dado atenção à minha filha!“

– Que foi que tua filha disse? – Majestade, ela disse-me que não trouxesse o pilãozinho, senão teria que achar também a mão-de-pilão. – Tens uma filha bem inteligente, manda que venha cá. Assim a moça teve de comparecer à presença do rei, o qual lhe perguntou se realmente era tão sagaz e inteligente. A fim de prová-lo, ele lhe daria um enigma para resolver; se o conseguisse decifrar ele se casaria com ela. A moça respondeu prontamente que o decifraria; então o rei disse:

– Tens de te apresentar na minha presença nem vestida, nem nua; nem montada, nem de carro; nem na rua, nem fora dela; se conseguires fazer isso, casarei contigo. A moça retirou-se. Em seguida, despiu-se completamente, assim não estava vestida; envolveu-se numa rede de pescar e não estava nua; tomou emprestado um burro amarrando-lhe as pontas da rede no rabo para que ele a puxasse, assim não estava montada e nem de carro; fez o burro andar sobre o sulco produzido pelas rodas do carro de maneira a tocar o chão só com o dedo maior, desse modo não estava nem na estrada nem fora dela. Quando o rei a viu chegar disse-lhe que havia acertado completamente. Mandou soltar o pai dela e, em seguida, desposou-a, confiando à sua sagacidade a gerência cio patrimônio real. Transcorridos alguns anos, um dia em que o rei passava em revista uma divisão, deu-se o caso que muitos camponeses se detivessem cm frente ao castelo com os carros depois de terem vendido a lenha; alguns tinham atrelado bois e, outros, cavalos. Entre eles havia um camponês que tinha três cavalos e um potrinho recém-nascido, o qual saiu de perto da mãe e correu a refugiar-se entre dois bois que puxavam um carro. Os respectivos donos puseram-se a discutir e a brigar aos berros; o dono dos bois queria para si o potrinho, dizendo que era filho dos bois; o outro insistia dizendo que o potrinho lhe pertencia e que era filho dos cavalos. A contenda foi levada ao rei e este sentenciou que o potrinho devia ficar no lugar que escolhera; assim ficou pertencendo ao dono dos bois, embora injustamente. O outro camponês foi-se embora chorando e lastimando-se por ter perdido o potrinho. Mas ele ouvira dizer que a rainha era muito inteligente e sagaz, além de boa e compreensiva, por ser também de origem camponesa; dirigiu-se a ela pedindo que o ajudasse a recuperar o seu potrinho. Ela respondeu:

– Sim, eu te ajudarei. Se prometes não me trair, eu te ensinarei o que tens a fazer. Amanhã cedo, quando o rei for assistir à parada, coloca-te no meio da rua pela qual deve passar, pega uma rede de pesca e finge estar pescando; continua a pescar e a despejar a rede como se realmente estivesse cheia de peixes. Ensinou-lhe, também, as respostas que devia dar se o rei interrogasse. Na manhã seguinte, lá estava o camponês pescando em lugar seco. Passando por aí o rei viu-o e mandou o batedor perguntar o que fazia aquele maluco. Perguntado, o camponês respondeu:

– Estou pescando. O batedor perguntou-lhe que pretendia pescar em plena rua, onde não havia água. – Ora, – respondeu o camponês, – se dois bois podem produzir um potrinho, eu também posso pescar onde não há água. O batedor foi transmitir essa resposta ao rei, o qual mandou chamar o camponês e lhe disse que aquela ideia não era produto da sua cachola; quem lha tinha sugerido? Exigiu que o confessasse logo. Mas o camponês não queria faltar ao compromisso com a rainha e repetia: „Deus me livre, Deus me livre! É ideia minha, é ideia minha.“

Então, colocaram-no sobre um feixe de palha e espancaram-no tanto que o coitado acabou confessando que fora a rainha. À tarde, chegando em casa, o rei foi ter com a rainha, dizendo-lhe:

– Por quê és tão falsa para comigo? Não te quero mais por esposa; está tudo terminado entre nós. Volta para a tua casa campônia, de onde vieste. Todavia, permitiu que ela levasse consigo a coisa mais cara a preciosa que possuía e essa seria a sua gratificação. – Sim, meu querido esposo, – disse ela, – farei o que mandas. Lançou-se ao pescoço do rei abraçando-o e beijando-o muito, dizendo que desejava despedir-se dele. Mandou que servissem uma bebida qualquer para brindar à saúde do rei e, disfarçadamente, deitou no copo deste um narcótico, que o fez cair em profundo sono; vendo-o adormecido, a rainha mandou que lhe trouxessem um belo lençol de linho, no qual envolveu o rei; em seguida, ordenou aos criados que o levassem para a carruagem, estacionada em frente à porta, e ela mesma o conduziu depois até à sua casa. Uma vez lá na sua casinha, ela deitou-o na própria cama onde ele dormiu um dia e uma noite ininterruptamente. Quando acordou, olhou espantado em volta, exclamando:

– Meu Deus, onde estou? Chamou os criados mas não haviam nenhum. Por fim chegou a mulher, que entre um sorriso e outro, disse-lhe:

– Meu caro senhor, destes-me ordem de trazer comigo o que eu mais gostava e me era mais precioso; ora, nada no mundo me é mais caro e precioso do que vós, assim trouxe-vos comigo. O rei ficou tão comovido que os olhos se lhe encheram de lágrimas. – Minha querida mulher, tu és minha e eu sou teu, e nada nos separará. Reconduziu-a, novamente, ao paço real e quis que se tornassem a casar. Certamente, se não morreram, ainda estão vivos até hoje.

Leia outro conto de fadas curto (5 min)

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Antecedentes

Interpretações

Língua

„A Camponesinha Sagaz“ é um conto de fadas dos Irmãos Grimm que destaca a inteligência e sagacidade de uma jovem camponesa. A narrativa começa com um camponês e sua filha vivendo em pobreza. Quando encontram um pilão de ouro em suas terras, a filha sugere que não o entreguem ao rei para evitar problemas, mas o pai insiste em dá-lo como gratidão. O rei, no entanto, exige também a mão-de-pilão, levando o camponês à prisão quando não a encontra. O pai, em sua lamentação, continuamente menciona que deveria ter ouvido a filha, o que chama a atenção do rei. Ao saber do conselho da filha, o rei fica impressionado e decide propor a ela um enigma: apresentar-se de maneira que não esteja vestida nem nua, montada nem a pé, na estrada nem fora dela. A camponesa habilmente cumpre o desafio, ganhando a mão do rei em casamento.

Mais tarde, sua sagacidade é novamente posta à prova quando ajuda um camponês a recuperar seu potrinho, perdido por uma decisão injusta do rei. A rainha ensina ao camponês como fazer um truque com redes de pesca em terra seca, o que provoca uma reflexão no rei sobre a justiça de sua decisão anterior. Quando o rei descobre que foi a rainha quem ajudou o camponês, se sente traído e a expulsa, mas permite que leve o que lhe é mais caro. Assim, a rainha adormece o rei e o leva com ela, demonstrando que ele é sua posse mais preciosa. O rei, emocionado com o gesto da rainha, a aceita de volta, reafirmando seu amor e companheirismo.

Este conto ressalta temas como a inteligência feminina, justiça e compromisso, que mesmo em situações adversas, ainda encontram formas de expressar bondade e amor.

Esse conto dos Irmãos Grimm, intitulado „A camponesinha sagaz“, é uma fábula que aborda temas como esperteza, lealdade e o valor da inteligência prática. A história começa com um humilde camponês e sua filha, que, apesar das dificuldades, encontram um objeto de valor inesperado em sua terra – um pilão de ouro. A filha, com sua perspicácia, prevê as potenciais consequências de revelar essa descoberta ao rei. No entanto, o pai, com uma visão mais ingênua, decide presenteá-lo ao soberano, resultando em sua prisão.

Ao refletir sobre seus atos, o camponês se arrepende de não ter ouvido sua filha. Esse detalhe destaca a repetida ênfase dos contos de Grimm em subestimar a sabedoria feminina e a sabedoria convencional. A jovem, através de um desafio criativo imposto pelo rei, demonstra sua inteligência ao resolver um enigma aparentemente impossível, simbolizando a habilidade para navegar as normas sociais e situações difíceis.

Na segunda parte, a história aborda questões de justiça e lealdade. A rainha, novamente usando de astúcia, ajuda um camponês injustiçado a confrontar o rei. Quando seu papel é revelado e o rei decide terminar o casamento, a rainha, fiel à sua natureza inteligente, encontra uma maneira de manter-se unida ao marido, provando que o amor e a lealdade são mais valiosos do que o poder ou as posses materiais. A conclusão feliz ressalta a importância da sabedoria emocional e da resolução criativa de problemas, mostrando que a verdadeira riqueza está nas relações e na compreensão mútua.

O conto „A Camponesinha Sagaz“, dos Irmãos Grimm, é uma narrativa clássica, rica em simbolismo e ensinamentos morais.

Narrativa Direta: O conto segue um estilo direto e conciso, típico das histórias orais e escritas pelos Irmãos Grimm. A simplicidade do idioma e a estrutura linear ajudam na transmissão da moral.
Diálogo: A utilização do diálogo é crucial neste conto, permitindo a caracterização das personagens e o avanço da trama. Exemplos são as conversas entre o camponês, sua filha e o rei.
Vocabulário Simples: A linguagem utilizada é acessível, permitindo que o conto seja entendido por crianças e adultos. As palavras são cuidadosamente escolhidas para refletir a rusticidade e o contexto rural.

Repetição de Frases: A frase „Ah, se eu tivesse dado atenção à minha filha!“ é repetida, servindo como um refrão que reforça a sagacidade da filha e a ignorância do pai.
Ritmo: A narrativa é bem ritmada, com um equilíbrio entre descrição e ação. Há um crescendo na tensão quando o camponês é preso e um relaxamento quando a filha resolve o enigma.

Inteligência e Sagacidade Feminina: A personagem central, a filha do camponês, é inteligente e sagaz, contrapondo-se à visão tradicional da época de que mulheres eram subordinadas aos homens. Ela não só resolve problemas com lógica como também ensina uma lição ao rei e aos outros personagens.

Moralidade e Justiça: O conto gira em torno de questões de moralidade e justiça. A bondade do rei ao dar a terra contrasta com sua injustiça ao exigir a mão-de-pilão e ao lidar com a disputa do potrinho. A rainha, agindo de maneira sagaz, corrige essa injustiça.

Reviravolta: A reviravolta acontece quando a rainha, ao ser exilada, usa de sua inteligência para trazer o rei consigo, demonstrando que o amor e a inteligência podem superar obstáculos e corrigir mal-entendidos.

Valores Tradicionais: Também há uma forte presença de valores tradicionais, como o respeito à autoridade e a gratidão, bem como o conceito de que o verdadeiro valor está no caráter e na inteligência.

Este conto exemplifica uma combinação de simplicidade narrativa com profundidade temática. Os Irmãos Grimm utilizam uma linguagem acessível para transmitir valiosas lições sobre inteligência, justiça e amor. A filha do camponês se destaca como uma heroína que desafia normas sociais através de sua sagacidade, resultando em uma história que continua a ressoar com leitores modernos.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 94
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 875
TraduçõesDE, EN, DA, ES, PT, FI, HU, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson37.8
Flesch-Reading-Ease Índice32.8
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice16.6
Coleman–Liau Índice9.5
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado7.8
Número de Caracteres7.130
Número de Letras5.565
Número de Sentenças72
Número de Palavras1.293
Média de Palavras por frase17,96
Palavras com mais de 6 letras257
percentagem de palavras longas19.9%
Número de Sílabas2.381
Média de Sílabas por palavra1,84
Palavras com três sílabas305
Percentagem de palavras com três sílabas23.6%
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