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O burrinho
Grimm Märchen

O burrinho - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 11 min

Houve, uma vez, um rei e uma rainha imensamente ricos, que possuíam tudo o que desejavam, só não tinham filhos. A rainha lamentava-se dia e noite, dizendo sempre: „Sou como um terreno estéril, que não produz nada.“

Finalmente, o bom Deus apiedou-se dela e realizou a sua aspiração; ela notou que teria um filho e ficou muito contente. Mas, quando a criança veio ao mundo, qual não foi o seu espanto ao ver que ela não tinha aspecto humano e sim o aspecto de um burrinho! Então a rainha passou a lastimar-se mais ainda, dizendo que antes preferia não ter filho algum do que ter esse burrinho. Mandou que o jogassem na água para que os peixes o devorassem, pois não queria mais vê-lo. O rei, porém, exclamou:

– Não; isso não! Deus no-lo deu e ele será meu filho e meu herdeiro; quando eu morrer, sentar-se-á no trono e será coroado rei. Assim, pois, o burrinho foi criado. Conforme ia crescendo, cresciam-lhe, simultaneamente, as orelhas, compridas e direitas. Quanto ao mais, era de índole alegre; corria e brincava o dia todo e tinha uma especial inclinação para a música; tanto assim que procurou um músico famoso em todo o reino e disse-lhe:

– Ensina-me a tua arte, quero aprender a tocar o alaúde tão bem como tu. – Ah, caro principezinho, – respondeu o músico, – ser-vos-á muito difícil tocar; vossos dedos não foram feitos para isso, são demasiadamente grossos, e temo que as cordas não resistam. Contudo, de nada serviram as desculpas; o burrinho encasquetou que devia aprender a tocar alaúde e o músico teve de ensinar-lhe. Ele aplicou-se com tanto empenho, que acabou por tocar tão bem ou melhor que o seu mestre. Um dia, o principezinho estava passeando, muito pensativo, pelo parque e chegou até onde jorrava uma límpida fonte; contemplou-se na água cristalina como espelho e viu refletir-se nela a imagem de um burrinho. Ficou tão amargurado com isso que resolveu sair e andar pelo mundo onde não fosse conhecido. Assim, acompanhado por um companheiro muito fiel, deixou o palácio e partiu. Perambularam os dois de um lado para outro, até que foram dar a um reino distante, governado por um velho rei, que tinha uma única filha, linda como um sonho. O burrinho, então, disse ao companheiro:

– Vamos ficar por aqui! Chegou ao portão do castelo e bateu, gritando:

– Está aqui um hóspede, abri, por favor, deixai-me entrar! Mas, como ninguém viesse abrir-lhe o portão, ele sentou-se, tomou o alaúde e, com as patas dianteiras, pôs-se a tocar. Tocava tão maravilhosamente, que o guardião do castelo arregalou os olhos de espanto e correu contar ao rei:

– Majestade, está aí no portão um burrinho que toca alaúde tão bem como o melhor dos mestres. – Manda-o entrar! – disse o rei. Quando o burrinho chegou ao salão onde a corte estava reunida, todos desataram a rir vendo aquele estranho tocador de alaúde. Em seguida, mandaram que fosse jantar junto com os criados; mas ele protestou, dizendo:

– Não sou um vulgar burrinho, nascido numa cocheira; sou de origem nobre. – Então, vai sentar-te com os soldados, – disseram-lhe. – Também não, – respondeu ele; – quero sentar- me ao lado do rei. – O velho rei achou divertida a sua pretensão e, rindo-se muito, disse-lhe:

– Pois, burrinho, seja feita a tua vontade; vem cá para perto de mim. Durante a refeição, o rei perguntou-lhe:

– Que tal achas a minha filha?

O burrinho Contos de fadas

O burrinho volveu a cabeça para o lado dela e, após contemplá-la um pouco, disse:

– É tão linda, como nunca vi outra igual. – Bem, bem; – disse o rei divertido – vai sentar-te um pouco ao lado dela. – Com o maior prazer! – disse o burrinho. Sentou-se perto da princesa, comeu e bebeu delicadamente, comportando-se como verdadeiro fidalgo. O nobre animalzinho passou bastante tempo na corte mas, por fim, pensou consigo mesmo: „O que me adianta isto tudo? Acho bem melhor voltar para a casa de meus pais!“

De cabeça tristemente curvada, foi apresentar-se ao rei a fim de se despedir. Mas o rei, que se afeiçoara muito a ele, disse-lhe:

– Que tens, meu caro burrinho? Estás com uma cara tão azeda como o vinagre. – Quero ir-me embora; – respondeu ele. – Ah, fica aqui comigo; terás de mim tudo o queiras, não te vás. Queres algum ouro? – Não! – respondeu o burrinho sacudindo a cabeça.

– Queres joias ou outros objetos preciosos? – Não! – Queres a metade do meu reino? – Ah!, não, não! O rei, meio desanimado, perguntou por fim:

– Se ao menos eu soubesse o que te faria feliz! Queres casar com minha filha? – Ah, sim, sim! – exclamou jubiloso o burrinho. – Como seria feliz se ela fosse minha! E logo voltou ao seu costumeiro bom humor e alegria; pois era justamente isso o que ele mais desejava. Passados alguns dias, realizou-se no palácio a festa nupcial com a maior pompa deste mundo. A noite, depois da festa, quando os noivos se retiraram para o quarto, o rei ficou muito curioso por saber se o burrinho se comportaria com a gentileza de sempre; ordenou, pois, a um dos seus criados que se ocultasse no quarto para ver o que se passava. O burrinho, logo que entrou no quarto, aferrolhou bem a porta, inspecionou todos os cantos e, tendo-se certificado de que estava só com a noiva, sacudiu a pele de burro que o recobria todo, apresentando-se diante dela como um jovem belíssimo e de sangue real. – Olha quem sou eu! – disse ele. – Certamente não sou menos digno e nobre do que tu. A noiva, imensamente feliz, abraçou-o e beijou-o com grande ternura e passou a amá-lo ardentemente. Mas, assim que amanheceu, ele pulou da cama. vestiu novamente a pele de burro e ninguém podia imaginar quem se ocultava dentro dela. Pouco depois, chegou o rei. – Olá! – exclamou: – o burrinho já se levantou! – e dirigindo-se à filha: – Estás muito triste por não teres um homem como os demais por esposo? – Oh, não, meu querido pai! Amo meu esposo como se fosse o homem mais belo do mundo e hei de conservá-lo por toda a vida. O rei ficou grandemente admirado com essa resposta; mas o criado, que ficara escondido no quarto, contou- lhe tudo o que vira. O rei, porém, disse:

– Nunca poderei acreditar numa coisa destas! – Pois, então, ficai vós mesmo de guarda no quarto nesta próxima noite; assim tereis ocasião de ver com vossos próprios olhos. E sabeis que mais, Majestade? Aconselho-vos a furtar a pele e jogá-la no fogo; assim ele será obrigado a apresentar-se sob seu verdadeiro aspecto. – É uma excelente ideia a tua! – disso o rei. Naquela noite, enquanto o casal eslava dormindo, o rei entrou furtivamente no quarto, aproximou-se pó ante pé do leito e, ã claridade do luar, conseguiu ver ali adormecido um esplêndido jovem. No chão, ao lado da cama, estava largada a horrível pele de burro. O rei apanhou-a, levou-a para fora, mandou acender um grande fogo e, em seguida, jogou-a no meio das chamas, ficando a olhar até que ela se consumiu toda, reduzindo-se a cinzas. Mas, curioso por saber qual seria a reação da vítima do roubo, ficou velando a noite inteira, com o ouvido colado à porta do quarto. Ao clarear do dia, tendo já dormido suficientemente, o rapaz levantou-se e procurou a pele para vestir e não a encontrou. Então ficou apavorado e disse, com voz repassada de tristeza e aflição:

– Agora tenho que fugir daqui! Mas, quando ia saindo do quarto, encontrou-se diante do rei, o qual lhe disse:

– Aonde vais com tanta pressa, meu filho? Que queres fazer? Fica aqui conosco; és um rapaz tão bonito! Agora não podes deixar-nos; vou dar-te a metade do meu reino e, após a minha morte, o herdarás todo. – Deus queira que tudo isto termine tão bem como começou! – respondeu o jovem: – Pois bem, ficarei convosco. O velho rei entregou-lhe a metade do reino e, passados seis meses, quando ele veio a falecer, o príncipe herdou tudo. Algum tempo depois, falecia-lhe, também, o pai, do qual era herdeiro único; assim ele ficou com mais um reino e viveu, magnificamente, durante muitos anos.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

„O Burrinho“ é um conto dos Irmãos Grimm que explora temas de aparência, identidade e aceitação. No início, um rei e uma rainha ricos, mas sem filhos, finalmente têm um herdeiro, que, para o espanto deles, nasce com a aparência de um burrinho. A rainha, envergonhada e angustiada, quer se livrar dele, mas o rei insiste em criá-lo como seu legítimo herdeiro, acreditando no valor intrínseco dado por Deus.

Conforme o burrinho cresce, ele se revela talentoso, especialmente na música. Apesar das limitações físicas, ele aprende a tocar alaúde habilmente. Insatisfeito com sua vida no palácio, decide explorar o mundo, eventualmente chegando a um reino distante. Lá, ele encanta o rei e sua corte com sua música e peculiar charme, eventualmente ganhando um lugar entre eles.

O amor verdadeiro e o reconhecimento vêm quando o burrinho se casa com a princesa do reino. No entanto, à noite, ele revela sua verdadeira forma de jovem belo, que esconde por trás da aparência de burrinho, simbolizando as barreiras impostas pela aparência superficial.

O rei, ao descobrir a verdade por meio de um criado, destrói a pele de burro do príncipe, libertando-o para viver em sua verdadeira forma. Reconhecido e aceito, ele herda o reino de seu sogro e, posteriormente, o de seu pai biológico, governando sabiamente por muitos anos.

Este conto ressalta que o valor de uma pessoa vai além de suas aparências e que, por trás de uma fachada incomum, pode residir grande nobreza e talento. A história também exemplifica como aceitação e amor verdadeiro podem revelar a essência de alguém, libertando-o dos julgamentos superficiais.

O conto „O Burrinho“ dos Irmãos Grimm é uma fábula rica em simbolismo e pode ser interpretado de diferentes maneiras, dependendo do ponto de vista e do enfoque que se queira adotar.

Metamorfose e Redenção: Uma das interpretações mais óbvias é a ideia de metamorfose e redenção. O príncipe que nasce como um burrinho pode simbolizar um estado inicial de imperfeição ou inaptidão, que através de virtudes como a determinação e a honestidade, se transforma em alguém digno de admiração. Esta metamorfose representa a jornada pessoal em busca de autoaceitação e de superação das próprias limitações.

Aparências Enganam: O conto também toca o tema de que nem tudo é o que parece. O burrinho tem a natureza e o coração de um príncipe, mas um exterior que o leva a ser julgado de forma errada. Essa narrativa pode ser uma crítica à superficialidade das aparências e à importância de reconhecer e valorizar o que está por dentro.

Busca de Identidade: A história do burrinho pode ser vista como uma alegoria para a busca de identidade. O protagonista sai em busca de um lugar onde possa ser aceito e reconhecido pela sua essência, e não pelo seu aspecto exterior. Esta é uma jornada universal de autodescoberta e aceitação de quem realmente somos.

Amor Verdadeiro e Aceitação: O amor da princesa, que aceita o burrinho por aquilo que ele realmente é, também traz à tona a ideia de amor verdadeiro, que transcende as aparências. É o amor que enxerga além das imperfeições percebidas e aceita o ser completo, o que leva à libertação do verdadeiro eu.

Poder e Herança: Por fim, o conto também explora temas de poder e herança. O burrinho que se torna rei e que, através do reconhecimento de sua verdadeira identidade, herda dois reinos, pode simbolizar o poder que advém do auto reconhecimento e da coragem de viver autenticamente.

Este conto fantástico dos Irmãos Grimm oferece várias camadas de significado, convidando o leitor a refletir sobre a importância da identidade, da transformação pessoal, e do valor intrínseco além das aparências.

A análise linguística do conto „O Burrinho“ dos Irmãos Grimm revela várias características e temas comuns às histórias de fadas tradicionais. Vamos explorar alguns aspectos linguísticos, temáticos e narrativos do conto:

Introdução e Desejo Incompleto: O conto começa com a apresentação de um rei e uma rainha que têm tudo, exceto um filho. Essa introdução estabelece um desejo não realizado, que é um tema comum nos contos de fadas.

Intervenção Divina: A intervenção de uma força superior (neste caso, o „bom Deus“) que atende ao desejo do casal real é outro elemento tradicional. Esta intervenção, no entanto, vem com uma reviravolta inesperada – o nascimento de um burrinho em vez de uma criança humana.

Desenvolvimento e Jornada: O burrinho, apesar de seu aspecto, tem natureza nobre e talentos surpreendentes (como tocar o alaúde), o que propicia sua aceitação parcial nas interações sociais. Sua jornada para encontrar um lugar onde não seja julgado pela aparência é uma metáfora para a busca de aceitação e autoidentidade.

Clímax e Revelação: O clímax ocorre quando o burrinho revela sua verdadeira identidade, removendo sua pele disfarçada. Esta transformação culmina em aceitação e recompensa.

Resolução e Conclusão Feliz: O conto termina com a obtenção de múltiplos reinos e uma vida próspera, característica do desfecho feliz típico dos contos de fadas.

Repetição e Fórmulas Fixas: O conto utiliza repetição (como o rei oferecendo várias coisas ao burrinho) e frases de estrutura fixa, comuns para criar ritmo e previsibilidade nas histórias orais.

Motivos de Transformação: A história lida com o tema da transformação, tanto física quanto social. A pele de burro é um símbolo de aparência enganosa e o verdadeiro valor do indivíduo é revelado por meio de excelência pessoal.

Moralidade: Embora não explícito como em algumas fábulas, o conto envolve lições sobre aceitação, aparência versus essência, e a valorização de talentos internos em vez de superfícies externas.

Contraste e Ironia: Há um uso hábil de contraste, como a justaposição entre a aparência grotesca do burrinho e sua nobreza intrínseca. A ironia volta-se sobre aqueles que julgam pela aparência, e este trope é usado para desafiar preconceitos.

Personagens Arquetípicos: Temos vários personagens arquetípicos, como o rei benevolente mas inicialmente superficial, a rainha descontente, o filho transformado, e a princesa, que desempenham papéis reconhecíveis nas narrativas de contos de fadas.

„O Burrinho“ encapsula elementos de mistério, transformação e moralidade que são comuns nos contos dos Irmãos Grimm. A linguagem simples, mas rica em imagens e simbolismo, torna-o um exemplo perene de como os contos de fadas transmitem valores culturais e psicológicos através de narrativas encantadoras.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 144
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 430
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, HU, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson30.9
Flesch-Reading-Ease Índice38.9
Flesch–Kincaid Grade-Level11.1
Gunning Fog Índice13.7
Coleman–Liau Índice9.6
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado5.5
Número de Caracteres7.824
Número de Letras6.015
Número de Sentenças106
Número de Palavras1.391
Média de Palavras por frase13,12
Palavras com mais de 6 letras247
percentagem de palavras longas17.8%
Número de Sílabas2.543
Média de Sílabas por palavra1,83
Palavras com três sílabas295
Percentagem de palavras com três sílabas21.2%
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