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A lua
Grimm Märchen

A lua - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 7 min

Houve um certo país onde a noite era sempre escura e o céu estendia-se sobre ele como um manto negro, porque lá nunca surgia a lua, nem uma única estreia brilhava naquelas trevas. Quando da Creação, tinha bastado a luz noturna. Um dia, quatro rapazes deixaram esse país para correr mundo e foram ter a um reino no qual, durante a noite, depois que o sol desaparecia atrás das montanhas, havia dependurada num carvalho uma enorme bola luminosa que espalhava luz suave por toda parte. Mesmo que não brilhasse tanto como o sol, contudo podia-se ver bem e discernir qualquer coisa. Os viajantes detiveram-se e perguntaram a um camponesinho que ia passando na sua carroça, que luz era aquela. – E‘ a lua! – respondeu o camponesinho, – o nosso alcaide comprou-a por três moedas e dependurou-a aí nesse carvalho. Ele tem que a limpar diariamente e deitar-lhe azeite para que a chama dê luz intensa. Por isso, todos lhe damos uma moeda por semana. Quando o camponesinho se despediu e continuou o caminho, disse um dos quatro rapazes:

– Esta lâmpada bem que nos seria útil! Em nossa terra temos um carvalho grande como este, onde a poderíamos dependurar. Que alegria poder sair à noite, sem precisar andar às apalpadelas no escuro! – Quereis saber uma coisa? – disse o segundo, – tratemos de arranjar um carro e os respectivos cavalos, e levemos a lua conosco. Aqui, podem muito bem comprar outra! – Eu sou perito em trepar nas árvores, – disse o terceiro, – posso ir buscá-la e trazê-la para baixo. O quarto rapaz conseguiu arranjar um carro com os cavalos. Então o terceiro trepou na árvore, passou uma corda em redor da lua e a trouxe para baixo. Depois de colocarem a bola luminosa dentro do carro, taparam-na muito bem com um toldo, a fim de que ninguém pudesse descobrir o furto. Fizeram a viagem com a maior felicidade e, quando chegaram à sua cidade, dependuraram a lua num alto carvalho. Velhos e moços se rejubilaram quando a nova lâmpada clareou os campos, espalhando luz até dentro das casas. Os anões saiam das cavernas e, metidos em casaquinhos vermelhos, vinham dançar farândolas nos prados. Os quatro companheiros abasteciam de azeite a lua, mantendo-a sempre limpa e, todas as semanas, recebiam uma moeda. Mas ficaram velhos; um deles veio a adoecer e, quando sentiu que o fim estava próximo, deu ordens para que enterrassem com ele uma quarta parte da lua, que era propriedade sua. Assim que ele morreu, o alcaide trepou ao alto do carvalho e, com o tesourão de podar, cortou um quarto da lua, que foi colocada no caixão. A luz da lua diminuiu apenas imperceptivelmente. Mais tarde, quando morreu o segundo companheiro, o alcaide subiu no carvalho e com o tesourão cortou outro quarto de lua, que também foi enterrado com o proprietário e, então, a luz diminuiu sensivelmente. Ainda mais fraca se tornou após a morte do terceiro, que também levou a sua parte; e quando foi enterrado o quarto, na cidade voltou a reinar a antiga escuridão. E a gente que saía de noite, andava aos encontrões e uns batiam as cabeças nos outros até quebrar. Mas quando as quatro partes da lua se juntaram, reunindo-se novamente, no inferno, onde reinavam trevas permanentes, os defuntos se alvoroçaram despertando de sono eterno. E muito admirados ficaram por poderem enxergar novamente. A eles bastava-lhes a luz da lua, porque seus olhos se tinham de tal maneira enfraquecido que não suportariam mais o esplendor do sol. Então ressurgiram alegremente e retomaram os antigos hábitos. Uns jogavam e dançavam, outros corriam para as tavernas e bebiam até embriagar-se, depois brigavam e altercavam e, por fim, saía pancadaria grossa. O barulho aumentava cada vez mais até que chegou a repercutir no céu. São Pedro, o porteiro do céu, ouvindo aquilo, julgou que todo o inferno se havia amotinado; mais que depressa, convocou as falanges celestiais, dando-lhes ordem de exterminar o Inimigo, se acaso se atrevesse a vir com seus partidários assaltar a morada dos bem-aventurados. Vendo, porém, que ninguém aparecia, São Pedro montou a cavalo e pela porta lateral do paraíso desceu até ao inferno. Uma vez lá, restabeleceu a ordem entre os mortos, mandou cada qual deitar no seu próprio jazigo e depois carregou a lua e dependurou-a na abóbada do céu.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

O conto „A Lua“, dos Irmãos Grimm, é uma história que explora a curiosidade e a engenhosidade de quatro jovens que vivem em um mundo sem luz noturna. Ao descobrir sobre uma lua suspensa em um reino distante, eles decidem roubá-la para proporcionar luz à sua própria terra, transformando a maneira como vivem. A história se desenrola com cada um dos jovens tornando-se eventual proprietário de um quarto da lua, levando a uma curiosa sequência de eventos onde a morte de cada um causa a diminuição progressiva da luz até que a escuridão total retorna.

No entanto, quando as partes da lua se reúnem no inferno, elas proporcionam nova luz aos mortos, causando um tumulto que desperta a atenção celestial. Isso leva São Pedro a interferir, restaurando a ordem e finalmente pendurando a lua no céu de onde nunca deveria ter saído, garantindo luz a todos.

O conto é rico em simbolismo, abordando temas como a partilha de recursos, a inevitabilidade da morte e o impacto das ações humanas no equilíbrio do mundo. Além disso, explora a ideia de que a tentativa de controlar elementos naturais pode ter consequências imprevistas e complexas, ressaltando a ideia de que algumas forças devem ser respeitadas em seu estado natural.

A história „A lua“ dos Irmãos Grimm oferece uma interpretação intrigante e não convencional de um conto de fadas, com elementos que misturam o fantástico com reflexões sobre posse, comunidade e as consequências de ações imprudentes.

A Descoberta e a Ganância: Os quatro rapazes, ao saírem de um país eternamente escuro, ficam fascinados ao encontrar um reino iluminado por uma „lua“. A sua decisão de roubar a lua revela tanto a sua ganância quanto o desejo de melhorar a própria terra, mostrando um conflito entre interesses pessoais e comunitários.

A Lua como Propriedade: A lua, neste conto, não é um corpo celestial natural, mas sim uma posse comprável e „manipulável“ como uma lâmpada, refletindo uma visão um tanto materialista e utilitária do mundo. A divisão da lua em partes pessoais dos rapazes ilustra a apropriação dos recursos como um ativo pessoal e temporário.

Consequências da Apropriação: À medida que cada rapaz morre e leva um quarto da lua consigo, a iluminação desaparece gradativamente, restabelecendo a escuridão original. Este enredo sugere que as apropriações egoístas de recursos comunitários levam, inevitavelmente, ao empobrecimento comum e ao colapso da prosperidade compartilhada.

Ressurreição no Inferno: A reunião das partes da lua no inferno introduz um cenário inesperado onde a luz, paradoxalmente, desperta os mortos. A capacidade da luz para despertar os defuntos pode ser vista como um simbolismo para o poder da iluminação, conhecimento ou até mesmo redenção, que invoca antigas vivências e comportamentos.

Restauração da Ordem e Justiça Divina: A intervenção de São Pedro e a subsequente colocação da lua no céu sugere um restabelecimento da ordem divina e moral. Essa intervenção celestial resolve o caos terreno e infernal, restabelecendo o equilíbrio e a justiça.

O conto retrata, de forma alegórica, questões como a apropriação indevida de bens comuns, a divisão e perda de valores coletivos e a restauração da ordem por meio de uma intervenção superior, refletindo temas éticos e sociais ainda relevantes.

A análise linguística de „A Lua“, um conto dos Irmãos Grimm, revela aspectos fascinantes da linguagem e da narrativa clássica de contos de fadas. Este conto, como muitos outros dos Irmãos Grimm, é marcado por seu estilo simples, mas eficaz, que carrega temas profundos através de uma estrutura narrativa acessível. Aqui estão alguns elementos linguísticos e narrativos que se destacam:

Estrutura e Simplicidade: O conto segue uma estrutura linear e simples, comum nos contos de fadas. A linguagem é direta, e o enredo progride de maneira clara, sem subtramas complicadas. Este estilo contribui para a clareza e a universalidade da história, permitindo que ela seja facilmente compreendida por leitores de diferentes idades e culturas.

Uso de Diálogo: Os diálogos curtos, como o entre os viajantes e o camponês, servem para avançar a trama e introduzir elementos importantes com economia de palavras. O diálogo é utilizado estrategicamente para revelar informação e caracterizar os personagens de forma sucinta.

Elementos Fantásticos: A presença de elementos fantásticos, como uma lua que pode ser fisicamente movida e dividida, é típica dos contos de fadas. Esses elementos servem para criar um ambiente mágico e distante da realidade, permitindo a exploração de temas e lições morais em um contexto ficcional.

Moralidade e Temas: O conto aborda temas como ganância, partilha e consequências. A história começa com uma ação aparentemente inócua (roubo da lua), mas resulta em consequências tanto no mundo dos vivos quanto no dos mortos. A moral da história pode ser interpretada de várias formas, como a ideia de que ações egoístas acarretam repercussões imprevistas.

Personificação e Simbolismo: A lua é personificada e tratada quase como um objeto de valor que pode ser comprado, vendido e dividido. Isso confere à lua um simbolismo que pode ser interpretado como uma representação do conhecimento, luz ou civilização, elementos que, quando retirados ou divididos, levam à escuridão e ao caos.

Tonalidade: A narrativa mantém uma tonalidade de neutralidade, comum em muitos contos de fadas, onde ações e eventos são apresentados sem julgamento moral direto. Isso permite ao leitor ou ouvinte tirar suas próprias conclusões sobre os eventos e ações dos personagens.

Em suma, „A Lua“ utiliza linguagem clara e estrutura narrativa tradicional para transmitir uma história cheia de simbolismo e lições implícitas, características que explicam a duradoura popularidade dos contos dos Irmãos Grimm.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 175
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson42.1
Flesch-Reading-Ease Índice22.3
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice17.8
Coleman–Liau Índice11.4
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado9.7
Número de Caracteres4.241
Número de Letras3.377
Número de Sentenças39
Número de Palavras732
Média de Palavras por frase18,77
Palavras com mais de 6 letras171
percentagem de palavras longas23.4%
Número de Sílabas1.432
Média de Sílabas por palavra1,96
Palavras com três sílabas189
Percentagem de palavras com três sílabas25.8%
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