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Era uma vez duas irmãs; uma não tinha filhos e era muito rica; a outra era mãe de cinco filhos, viúva e tão pobre que já não tinha sequer um naco de pão com que pudesse alimentar-se e matar a fome das pobres crianças. Nessa triste situação, ela resolveu procurar a irmã e disse-lhe:
– Meus filhos e eu estamos morrendo de fome! Tu és rica; por favor, dá-nos um pouco de pão! Mas a ricaça, que tinha um coração de pedra, respondeu:
– Também eu nada tenho em casa – e, com palavras rudes, enxotou a pobre irmã. Alguns dias depois, regressou à casa o marido da ricaça. Querendo comer alguma coisa, foi cortar uma fatia de pão; mas, assim que enterrou nele a faca, viu jorrar sangue rubro. Diante daquilo, a mulher ficou horrorizada e contou- lhe o que acontecera com a irmã. O marido apressou- se a ir ter com a viúva a fim de prestar-lhe auxílio, mas, quando entrou no quarto, encontrou-a rezando; tinha nos braços os dois filhinhos menores, enquanto os outros três jaziam mortos no chão. O homem ofereceu-lhe comida, mas ela respondeu:
– Comidas terrestres já não necessitamos; Deus saciou aqueles três, há de atender também às nossas súplicas! Ao acabar de pronunciar essas palavras, os dois pequeninos que tinha nos braços exalaram o último suspiro. Depois a dor partiu-lhe o coração e ela, também, caiu morta no chão.

Antecedentes
Interpretações
Língua
„O Manjar Divino“ é um conto dos Irmãos Grimm que ilustra temas recorrentes em suas narrativas, como pobreza, desigualdade e justiça divina. A história gira em torno de duas irmãs, uma rica e insensível, e a outra, uma viúva pobre com cinco filhos. O conto destaca o contraste entre a generosidade e a avareza, bem como as consequências que essas qualidades podem ter.
A viúva, desesperada pela fome que sua família enfrenta, busca ajuda com sua irmã rica, mas é rejeitada de forma fria. A seguir, ocorre um evento sobrenatural quando o marido da mulher rica tenta cortar um pão e sangue começa a jorrar do alimento, um símbolo do pecado e da culpa que recaem sobre aqueles que se recusam a ajudar seus semelhantes.
Quando o marido finalmente vai ajudar a viúva, já é tarde demais.
A cena é trágica: três dos filhos da viúva já morreram, e ao final, os dois menores também falecem, seguidos pela mãe. Suas últimas palavras sugerem uma fé inabalável em Deus, acreditando que Ele proveria de alguma forma – e, de fato, a única provisão que chegam a conhecer é a passagem desta vida.
Este conto conserva uma mensagem moral dura, frequentemente presente nas histórias dos Grimm, enfatizando tanto a responsabilidade de cuidar do próximo quanto a crença em uma justiça final, ainda que dolorosamente tardia. Além disso, sublinha a ideia de que a verdadeira riqueza não é medida por bens materiais, mas pela bondade e pela compaixão demonstradas para com os outros.
O conto „O manjar divino“ dos Irmãos Grimm é uma narrativa sombria que aborda temas como pobreza, egoísmo e justiça divina.
A história apresenta um contraste marcante entre duas irmãs: uma abastada e insensível, e a outra, uma viúva pobre com cinco filhos para sustentar. Quando a irmã pobre pede ajuda, é rejeitada com crueldade, o que resulta em uma tragédia familiar.
A interpretação desta história pode ser vista a partir de várias perspectivas:
Crítica Social: O conto pode ser lido como uma crítica à insensibilidade e à falta de compaixão dos mais afortunados em relação aos que vivem na pobreza. A irmã rica possui recursos, mas se recusa a compartilhar, resultando na morte de toda uma família. É um alerta para a importância da generosidade e do apoio mútuo.
Justiça Divina: O desenrolar dos eventos pode ser interpretado como uma manifestação da justiça divina. A riqueza da irmã rica é manchada de sangue, simbolizando a culpa e as consequências de sua avareza e dureza de coração. A morte da irmã pobre e de seus filhos pode ser vista não como um final trágico, mas como um alívio terreno em que as súplicas são ouvidas por uma entidade divina que leva as almas para um lugar melhor.
Moralidade e Consciência: A resposta do marido da irmã rica ao saber da morte das crianças e da esposa sugere uma epifania moral, onde ele tenta remediar a situação com ajuda tardia. Isso ressalta a relevância da consciência e do arrependimento nas ações humanas, mesmo quando é tarde demais.
Fatalismo: Há uma visão fatalista presente no conto, onde as ações humanas e, consequentemente, o destino das pessoas são inevitáveis. O sofrimento e a eventual morte da família pobre são retratados como um resultado inevitável de circunstâncias sociais e da falta de empatia.
Sofrimento e Redenção: O sofrimento da irmã pobre e de seus filhos é extremo, mas apresenta uma nota de esperança e redenção através da fé. A sugestão de que suas necessidades serão atendidas por Deus e a eventual morte poderia ser entendida como uma passagem para um alívio espiritual e uma vida após a morte melhor.
Esta história dos Irmãos Grimm, como muitos de seus contos, traz uma mistura de realismo cru e elementos sobrenaturais para transmitir lições morais e reflexões sobre a condição humana.
Este conto de fadas dos Irmãos Grimm, „O Manjar Divino“, traz várias camadas de análise linguística e temática que podem ser exploradas. Vamos abordar alguns aspectos linguísticos e simbólicos relevantes:
O texto apresenta um contraste claro entre as duas irmãs: uma rica e sem filhos, outra pobre e com muitos filhos. Essa oposição é típica dos contos de fadas, onde personagens frequentemente representam extremos (riqueza vs. pobreza, bondade vs. maldade).
Tema da Penúria vs. Abundância: Linguisticamente, o conto estabelece a penúria da irmã pobre com expressões como „tão pobre que já não tinha sequer um naco de pão“ e „morrendo de fome“. Por outro lado, a riqueza da outra irmã é sublinhada de forma mais indireta, através de sua insensibilidade e recusa em ajudar, o que enfatiza seu excesso ao lado da falta da outra.
Simbologia do Sangue: O sangue no pão é um elemento simbólico poderoso que combina horror e culpa. A linguagem usada („jorrar sangue rubro“) intensifica a dramaticidade da cena e sugere uma ligação entre a riqueza da irmã rica e o sofrimento da pobre.
Ironia e Justiça Poética: A narrativa contém elementos de ironia, principalmente na cena em que o marido da irmã rica descobre o sangue no pão, como uma manifestação física da culpa não compartilhada abertamente pela esposa. Isso sugere uma justiça poética característica dos contos dos Grimm.
Linguagem Religiosa: A viúva recorre à religião, pedindo que Deus cuide de suas crianças. As expressões „Deus saciou“ e „há de atender também às nossas súplicas“ indicam resignação e uma transferência de dever para o divino, reforçando a ideia de que a justiça divina se fará, mesmo que a terrena falhe.
O final do conto é abrupto e trágico: „a dor partiu-lhe o coração“, com a morte da viúva após a perda dos filhos. Linguisticamente, o conto transmite um senso de inevitabilidade e destino cruel, comuns nos contos dos Grimm, onde a moralidade muitas vezes é sombria e direta.
Moralidade e Crítica Social: Há uma crítica implícita à insensibilidade dos ricos perante os problemas dos pobres. A irmã rica, apesar de seus recursos, falha em demonstrar empatia, e isso resulta em uma desconexão moral catalisada simbolicamente pelo sangue.
Este conto, através de sua linguagem e simbolismo, explora temas de desigualdade, culpa e moralidade com uma narrativa direta e impactante, típica dos Irmãos Grimm.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
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Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 33.8 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 36.2 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 12 |
Gunning Fog Índice | 15.5 |
Coleman–Liau Índice | 9.6 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 7.4 |
Número de Caracteres | 1.326 |
Número de Letras | 1.030 |
Número de Sentenças | 14 |
Número de Palavras | 239 |
Média de Palavras por frase | 17,07 |
Palavras com mais de 6 letras | 40 |
percentagem de palavras longas | 16.7% |
Número de Sílabas | 433 |
Média de Sílabas por palavra | 1,81 |
Palavras com três sílabas | 52 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 21.8% |