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Certa vez, uma jovem de Brakel foi à capela de Santana, ao pé do Castelo dos Gigantes, e, como desejava muito casar-se, julgando que na capela não havia ninguém, pôs-se a cantar:
– Oh, querida Santana,
Ajuda-me a casar;
Tu já o conheces,
Ele mora perto do Bazar. É mesmo aquele loirinho,
de olhos azuizinhos. Ajuda-me, querida Santana!
Mas o sacristão estava atrás do altar e ouviu tudo; com uma voz fina e zangada, gritou:
– Não o terás, não o terás! A moça, julgando que fosse a Virgem Maria menina, ao lado de Santana, quem lhe dirigia a palavra, gritou-lhe, muito zangada:
– Perepepé, feia bisbilhoteira, fecha o bico e deixa tua mãe falar!

Antecedentes
Interpretações
Língua
„A Donzela de Brakel“ é um dos muitos contos populares coletados pelos Irmãos Grimm, conhecidos por capturar e preservar a tradição oral da Europa no século XIX. Neste conto em particular, vemos a fusão de elementos religiosos e folclóricos, com a protagonista dirigindo suas preces a Santa Ana, a quem espera interceder em suas questões amorosas. O episódio acontece em um local sagrado, a capela, o que reforça a importância da fé e das crenças da época, mas revela também a ingenuidade e a sinceridade da jovem em busca de um desejo tão humano quanto o amor e o casamento.
A surpresa e o humor da história surgem com a intervenção do sacristão, que, ao ouvir o apelo da jovem, decide pregá-la uma peça fazendo-se passar por uma figura sagrada e negando seu pedido. A resposta impetuosa e desrespeitosa da jovem à suposta Virgem Maria Menina é um reflexo da mistura de reverência e familiaridade que muitas vezes caracteriza a relação do povo com a religião e suas figuras. Essa passagem nos oferece um vislumbre das interações sociais e culturais da época, nas quais o sagrado e o profano se entrelaçam em uma narrativa cômica e cheia de personalidade.
O conto de fadas „A donzela de Brakel“, dos Irmãos Grimm, oferece uma perspectiva interessante sobre os desejos humanos, a fé e as tradições religiosas. Neste conto, uma jovem busca a ajuda de Santa Ana, mãe da Virgem Maria, para realizar seu desejo de casar-se. A sua oração é específica, detalhando exatamente quem ela gostaria que fosse seu noivo.
A presença do sacristão atrás do altar, que interrompe a oração com um tom de reprovação, cria um contraste cômico e inusitado. A jovem, ao ouvir a voz dele, presume que seja uma entidade divina menor que está intrometendo em sua súplica e, com ousadia irritada, responde de forma irreverente, demonstrando sua determinação em ser ouvida por quem ela acredita ter o verdadeiro poder de interceder.
Interpretação Religiosa: A história pode ser vista como um comentário sobre a natureza humana de buscar ajuda divina para questões pessoais e a confiança em santos como intercessores. A reação da jovem também pode refletir uma crítica implícita à forma como as instituições religiosas, representadas pelo sacristão, podem impor barreiras à expressão pessoal da fé.
Interpretação Feminista: A resposta audaciosa da jovem à voz que julga ser da „Virgem Maria menina“ destaca uma afirmação de autonomia e resistência às vozes de autoridade que tentam silenciá-la ou corrigir seus desejos. Essa interpretação ressalta a luta por espaço e voz própria das mulheres em contextos onde sua vontade frequentemente é ignorada.
Interpretação Cômica: O conto tem um elemento de humor, derivado do mal-entendido e da ousadia da jovem. A inesperada troca verbal nos permite ver o lado mais leve das interações entre o sagrado e o profano, onde a ingenuidade e a fé pessoal se chocam com a burocracia religiosa.
Interpretação Literária e Cultural: A história reflete a rica tradição oral dos contos populares, onde personagens comuns interagem com o divino de formas frequentemente irreverentes e íntimas, mostrando como as pessoas do povo reivindicavam seu espaço nas narrativas religiosas.
Em última análise, „A donzela de Brakel“ encapsula a complexa relação entre fé, desejo e autoridade, oferecendo um espelho para as múltiplas formas de resistência e expressão pessoal.
„A Donzela de Brakel“, dos Irmãos Grimm, é um conto que exemplifica bem o humor e a ironia típicos de algumas das histórias contadas por Wilhelm e Jacob Grimm. A análise linguística deste conto revela características comuns aos contos populares da época, como simplicidade, oralidade e o uso de diálogos diretos.
Simplicidade e Oralidade: O conto utiliza uma linguagem simples e direta, facilitando o entendimento e lembrando a tradição oral. Essa escolha estilística reflete a origem dos contos de fadas, que eram transmitidos oralmente de geração em geração antes de serem capturados por escrito pelos Grimm.
Diálogos e Ironia: O diálogo é central na narrativa, trazendo dinamismo e humor à interação dos personagens. A jovem de Brakel fala diretamente com a figura devocional de Santana, acreditando estar sozinha na capela. A surpresa vem na resposta irônica e impertinente do sacristão escondido, que ecoa um tom de reprovação inesperado. A resposta da moça é igualmente direta e expressa sua frustração de maneira bem-humorada, ao repreender, de forma equivocada, a figura considerada sagrada.
Elementos de Humor: O humor do conto reside na situação cômica de engano e na inversão de expectativa. A donzela, ao perceber que seu pedido de ajuda foi presumidamente atendido por uma figura sagrada, responde com uma repreensão cheia de desprezo. A ideia de uma santa ou outra figura religiosa se intrometer com tal linguagem é absurda, gerando riso a partir dessa quebra de normas.
Tema do Desejo: O desejo de casar-se é um tema comum nos contos de fadas, refletindo os valores e preocupações sociais da época. A canção da moça revela seu anseio, um desejo pessoal que também se alinhava com os papéis tradicionais de gênero e aspirações sociais.
Em resumo, „A Donzela de Brakel“ combina simplicidade e humor para contar uma história breve e cativante. A linguagem direta e o tom irônico são marcas registradas dos Irmãos Grimm, revelando um fragmento da cultura popular da época e as nuances dos valores sociais contemporâneos.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
---|---|
Número | KHM 139 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typ 1476A |
Traduções | DE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 35.5 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 32.2 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 12 |
Gunning Fog Índice | 14.5 |
Coleman–Liau Índice | 9 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 6.7 |
Número de Caracteres | 650 |
Número de Letras | 492 |
Número de Sentenças | 7 |
Número de Palavras | 117 |
Média de Palavras por frase | 16,71 |
Palavras com mais de 6 letras | 22 |
percentagem de palavras longas | 18.8% |
Número de Sílabas | 218 |
Média de Sílabas por palavra | 1,86 |
Palavras com três sílabas | 31 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 26.5% |