Childstories.org
  • 1
  • Contos bonitas
    para crianças
  • 2
  • Ordenado por
    tempo de leitura
  • 3
  • Perfeito para
    ler em voz alta
Comadre Morte
Grimm Märchen

Comadre Morte - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 9 min

Houve um pobre homem que tinha doze filhos e precisava trabalhar, dia e noite, para dar-lhes apenas um bocado de pão. Quando nasceu o décimo terceiro, ele não sabia realmente o que fazer e, na sua aflição, saiu para a estrada a fim de convidar o primeiro que aparecesse para servir-lhe de padrinho. A primeira pessoa que encontrou foi o bom Deus. O bom Deus, que já sabia o que lhe pesava no coração, disse-lhe:

– Pobre homem, causas-me dó; vou batizar teu filho, cuidarei dele e o tornarei feliz neste mundo. – Quem és? – perguntou o homem. – Sou o bom Deus. – Então não te quero para meu compadre, – disse o homem, – tu dás aos ricos e deixas os pobres passando fome. Isso dizia o pobre homem, porque não sabia que sabiamente Deus distribui riqueza e pobreza. Deixou o Senhor e foi mais para diante. Então, aproximou-se-lhe o Diabo dizendo:

– Que procuras? Se me aceitas para padrinho de teu filho, dar-lhe-ei ouro às carradas e todos os deleites do mundo. O homem perguntou:

– Quem és tu? – Sou o Diabo. – Então não te quero para meu compadre, – disse o homem, – tu enganas os homens e os induzes à tentação. Continuou andando e logo, com as pernas ressequidas, veio-lhe ao encontro a Morte, dizendo:

– Aceita-me como tua comadre. – Quem és? – perguntou-lhe o homem. – Sou a Morte, que todos iguala. Então, o homem disse:

– Tu és a indicada, porque levas tanto o rico como o pobre sem distinção; serás pois a minha comadre. A Morte respondeu:

– Tornarei teu filho rico e célebre; quem me tem por amiga, tem o sucesso garantido. – Domingo próximo será o batizado, – disse o homem; – sê pontual. A Morte compareceu, pontualmente, conforme havia prometido e portou-se como uma madrinha às direitas. Quando o afilhado se tornou adulto, apareceu-lhe um belo dia a madrinha, convidando-o a segui-la. Conduziu-o à floresta e, mostrando-lhe uma erva que lá crescia, disse-lhe:

– Aqui tens teu presente de batizado. Vou fazer de ti um médico famoso. Quando fores chamado a atender algum enfermo, eu estarei todas as vezes lá; se me vires à cabeceira do doente podes declarar, francamente, que o curarás; dá-lhe depois um pouco dessa erva e ele ficará bom. Mas, se me vires aos pés da cama, ele pertence-me e tu tens de dizer que qualquer remédio é inútil, que nenhum médico deste mundo o salvará. Livra-te, porém, de usar a erva contra minha vontade: poderás arrepender-te! O jovem tornou-se o médico mais famoso do mundo. Bastava-lhe olhar para o doente e já sabia se ficaria bom ou se morreria. Assim falavam dele e o povo acorria de toda parte para que atendesse os doentes, e pagavam-lhe tão bem que logo enriqueceu. Aconteceu que, tendo adoecido o rei, chamaram o médico para saber se era possível curá-lo. Quando o médico se aproximou do leito, viu a Morte aos pés da cama; não havia erva alguma capaz de salvar aquele doente. „Ah, se pudesse, uma vez ao menos lograr a Morte! – pensou ele, – certamente se zangará, mas sou seu afilhado, por esta vez fechará os olhos! Vou arriscar! Pegou o doente e virou-o na cama, de modo que a Morte ficou do lado da cabeça. Depois deu-lhe a erva e o rei melhorou e logo ficou completamente bom. A Morto, porém, foi á casa do médico, zangada, e, com expressão sombria, ameaçou-o com o dedo, dizendo:

– Tu me lograste; por esta vez deixo passar porque és meu afilhado, mas, se ousares mais uma vez, agarro-te pela gola do casaco e levo-te comigo, ouviste? Decorrido algum tempo, adoeceu gravemente a princesa. Era filha única do rei e este chorava dia e noite até ficar cego; fez anunciar que quem a curasse casaria com ela e herdaria a coroa. O médico foi ver a doente e, lá chegando, viu a Morte aos pés da sua cama. Deveria ter-se lembrado da ameaça da madrinha, mas a grande beleza da filha do rei e a felicidade de tornar-se seu esposo o deslumbraram de tal maneira que não pensou em mais nada. Nem sequer via a Morte lançando-lhe olhares furibundos, erguendo a mão e ameaçando-o com o punho fechado, nada via. Ergueu a doente e deitou-a com a cabeça para o lado dos pés; depois deu-lhe a erva e logo as faces se lhe tingiram do mais belo rosado e recuperou a vida. Vendo-se defraudada pela segunda vez, a Morte, a grandes passos, foi ter com o médico, dizendo-lhe:

– Está tudo acabado para ti, agora é a tua vez. E, com sua mão gélida, agarrou-o tão duramente que ele não pôde resistir-lhe e foi conduzido a uma caverna subterrânea. Lá, viu milhares e milhares de círios enfileirados, ardendo: alguns grandes, outros médios, outros pequenos. A cada instante apagavam-se alguns, acendiam-se outros, de maneira que as chamas pareciam saltitar aqui e acolá num contínuo revezamento. – Vês, – disse a Morte, são as vidas dos homens: os mais altos pertencem às crianças, os médios aos casados e adultos e os pequenos aos velhos. Mas às vezes também as crianças e os jovens têm apenas um pequeno círio. – Deixa-me ver o meu, – disse o médico, esperando que estivesse ainda bastante grande. A Morte indicou-lhe um toquinho bruxuleante, que ameaçava apagar-se e disse:

– Olha, aqui está ele. – Ah, querida madrinha, – disse o médico apavorado, – acende-me outro! Faze-o por mim que sou teu afilhado, a fim de que possa gozar a vida. tornar-me rei e casar-me com a linda princesa! – Não posso, – disse a Morte; – é preciso que se apague um círio antes de acender outro. – Põe, então, o velho sobre um novo para que continue a arder mesmo depois de acabado o primeiro, – suplicou o médico. A Morte fingiu atender o seu pedido e apanhou um círio grande e novo; mas, querendo vingar-se, fez que juntava um ao outro e, propositalmente, atrapalhou-se; o toquinho caiu-lhe das mãos e apagou-se. No mesmo instante, o médico tombou morto: ele também caíra nas garras da Morte.

LanguagesLearn languages. Double-tap on a word.Learn languages in context with Childstories.org and Deepl.com.

Antecedentes

Interpretações

Língua

„Comadre Morte“ é um conto dos Irmãos Grimm que explora temas humanos profundos, como a natureza inevitável da morte, as escolhas morais e a busca por poder e riqueza. A história começa com um homem pobre, desesperado por não conseguir sustentar seus treze filhos. Ele decide procurar um padrinho para seu último filho no caminho, encontrando primeiro Deus, depois o Diabo, e finalmente a Morte.

A Morte se torna a madrinha da criança e promete torná-lo um médico famoso, desde que ele respeite seus limites. O jovem cresce e se torna renomado, conseguindo prever a morte dos pacientes ao observar a posição da Morte. Quando desobedece a Morte para salvar o rei e depois a princesa, é avisado que sua vida está em risco.

O conto culmina na caverna onde o médico vê as velas das vidas humanas. Ao perceber que sua própria vela está prestes a se extinguir, ele implora por mais tempo. No entanto, a Morte engana-o, deixando sua vela apagar. A história termina com a morte do médico, enfatizando a inevitabilidade do destino e a futilidade de lutar contra a morte.

Este conto é um lembrete poderoso das limitações humanas em face das forças naturais e morais que regem a vida.

„Comadre Morte“ é um conto de fadas dos Irmãos Grimm que aborda temas de escolhas morais, a inevitabilidade da morte e a ambição humana. A narrativa tem uma estrutura clássica de contos de fadas, mas também carrega questões filosóficas profundas.

Escolhas Morais e Consequências: O conto começa com um homem pobre que rejeita Deus e o Diabo como padrinhos de seu filho, escolhendo a Morte por sua imparcialidade.

Este ato já introduz uma grande questão moral: a busca por igualdade e justiça. Quando o filho, agora um médico, desafia a Morte por duas vezes salvando vidas que deveriam ser dela, está a testar os limites da sua relação com a Morte. Ele decide contrariar a advertência da madrinha, o que eventualmente leva à sua queda. Essa é uma lição clássica sobre como a desobediência e a confiança excessiva podem levar a consequências desastrosas.

O Papel da Morte: A Morte, personificada, é inicialmente apresentada como imparcial e justa, levando ricos e pobres da mesma maneira. Isso simboliza a inevitabilidade e a universalidade da morte. No entanto, ao final, a Morte é retratada com um nível de astúcia e vingança, ao enganar o médico tentando prolongar sua vida. Isso complexifica a noção de que a morte é puramente imparcial, levantando questões sobre destino e controle.

Ambição e Consequência: O médico, motivado pela ambição de poder e riqueza, desafia as regras estabelecidas pela Morte para se beneficiar. Essa ambição o cega para os riscos que está correndo. O conto, desse modo, faz uma crítica à busca implacável por poder e à cegueira que a ambição pode causar.

Círios: Os círios representam a vida humana, com diferentes tamanhos simbolizando a duração das vidas. O fato de os círios se apagarem e acenderem continuamente mostra a fragilidade e a transitoriedade da vida.
A Erva Cura-Tudo: Representa o poder e o conhecimento do médico, mas também a responsabilidade de usá-los corretamente.

„Comadre Morte“ é um conto que conduz o leitor a refletir sobre a inevitabilidade da morte e as consequências de se buscar desafiá-la. Levanta questões sobre moralidade, a justiça da morte e os perigos da ambição desmedida. Assim, apesar de se apresentar como uma narrativa simples, o conto oferece uma reflexão rica sobre a condição humana e o ciclo da vida.

O conto „Comadre Morte“ dos Irmãos Grimm é uma história rica em simbolismos e lições morais, comum nas narrativas dos famosos contadores de histórias. A análise linguística e temática deste conto revela aspectos importantes da cultura e das crenças comuns no contexto histórico em que os contos de fadas foram coletados pelos Irmãos Grimm.

A Imparcialidade da Morte: Um dos temas centrais é a imparcialidade e inevitabilidade da morte. A Morte é apresentada como uma figura justa, que não faz distinção entre ricos e pobres. Esse elemento reforça a noção de que a morte é uma força igualadora, um conceito que ressoa em muitas culturas e tradições.

Tentação e Ambição: O protagonista é seduzido pela possibilidade de mudar o destino e alcançar poder e riqueza. Sua ambição cega-o para as consequências de seus atos, evidenciando um tema comum nos contos de fadas: a tentação pode levar à ruína.

Traição e Consequências: O jovem médico trai a confiança da Morte duas vezes, e, apesar de um aviso, ele cede à tentação novamente, resultando em sua morte. A história sugere que as consequências dos atos impensados são inevitáveis, destacando a importância da prudência e da obediência a regras superiores.

Destino e Livre Arbítrio: O conto explora a tensão entre destino e livre arbítrio. Enquanto o médico tem a capacidade de escolher suas ações, o destino final de sua vida é visualmente representado pelo tamanho do seu círio, simbolizando que, apesar de algumas escolhas parecerem livres, elas não podem alterar o destino final.

Elementos Linguísticos:


Personificação: A Morte é personificada e atribuída características humanas, como a capacidade de fazer acordos e manifestar sentimentos como raiva e vingança.
Diálogo e Narrativa: O uso do diálogo é essencial para o desenvolvimento da narrativa. As conversas entre o homem e o bom Deus, o Diabo, e finalmente a Morte, estabelecem o caráter e as intenções de cada entidade, além de impulsionar a narrativa.
Simbologia: O uso de símbolos, como o círio representando a vida humana e a erva que concede a habilidade de curar, adiciona camadas de significado à história.
Moral Implícita: O conto, como muitos outros dos Irmãos Grimm, encerra uma moral implícita que adverte sobre as consequências de tentar enganar a Morte ou interferir no curso natural da vida.

Em suma, „Comadre Morte“ mescla elementos reais e fantásticos para tecer uma narrativa que instrui e entretém, refletindo as complexidades da vida, as tentações humanas e as inevitáveis consequências das escolhas feitas.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 44
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 332
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson33.7
Flesch-Reading-Ease Índice37.8
Flesch–Kincaid Grade-Level11.6
Gunning Fog Índice15.4
Coleman–Liau Índice9
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado5.8
Número de Caracteres5.715
Número de Letras4.393
Número de Sentenças71
Número de Palavras1.042
Média de Palavras por frase14,68
Palavras com mais de 6 letras198
percentagem de palavras longas19%
Número de Sílabas1.899
Média de Sílabas por palavra1,82
Palavras com três sílabas249
Percentagem de palavras com três sílabas23.9%
Perguntas, comentários ou relatórios de experiência?

Os melhores contos de fadas

Direito autoral © 2025 -   Sobre nós | Proteção de dados |Todos os direitos reservados Apoiado por childstories.org

Keine Internetverbindung


Sie sind nicht mit dem Internet verbunden. Bitte überprüfen Sie Ihre Netzwerkverbindung.


Versuchen Sie Folgendes:


  • 1. Prüfen Sie Ihr Netzwerkkabel, ihren Router oder Ihr Smartphone

  • 2. Aktivieren Sie ihre Mobile Daten -oder WLAN-Verbindung erneut

  • 3. Prüfen Sie das Signal an Ihrem Standort

  • 4. Führen Sie eine Netzwerkdiagnose durch