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Como se repartem alegrias e sofrimentos
Grimm Märchen

Como se repartem alegrias e sofrimentos - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 5 min

Houve, uma vez, um alfaiate insuportável, que vivia a brigar com a mulher. Esta era uma criatura boa, piedosa e muito trabalhadeira, mas, por mais que fizesse, nunca conseguia satisfazê-lo; com tudo ele mostrava-se descontente. E não parava de resmungar, de gritar, de fazer escândalos, espancando, com motivo ou sem ele a pobre mulher. Um belo dia, as coisas chegaram aos ouvidos do Juiz e o alfaiate foi intimado a depor; depois, trancaram-no na prisão a fim de que se corrigisse. O homenzinho ficou preso bastante tempo, a pão e água por castigo, até que foi posto novamente em liberdade; mas antes, fizeram-no jurar que nunca mais bateria na mulher nem a maltrataria, comprometendo-se a viver em harmonia com ela, pois todos os casais, para viverem bem, têm que repartir entre si alegrias e sofrimentos. Durante algum tempo, tudo correu bem mas, em seguida, ele voltou ao seu antigo sistema de resmungar e brigar por coisas de nada. Como não podia espancá-la, em virtude do compromisso prestado perante a Justiça, tentou puxar-lhe os cabelos. A mulher, porém, logrou escapar-lhe das mãos e correu para o quintal. Com o metro de pau e a tesoura, o alfaiate saiu correndo atrás dela e foi-lhe atirando tudo quanto lhe caía nas mãos. Sempre que conseguia atingi-la com qualquer coisa, punha-se a rir satisfeito mas, quando falhava os golpes, ficava ainda mais furioso e punha-se a insultá-la cheio de raiva. Vendo que as coisas se prolongavam, os vizinhos correram em socorro da pobre mulher. Então o alfaiate foi, novamente, intimado a comparecer perante a Justiça, onde lhe recordaram o juramento prestado. – Prezados senhores, – afirmou ele, – tudo o que jurei, mantive-o; não a espanquei, apenas reparti com ela minhas alegrias e meus sofrimentos. – Como é possível, – disse o Juiz, – se ela tanto se queixa de ti? – Não a espanquei, não; quis apenas pentear-lhe os cabelos com a mão, porque ela estava com uma cara grotesca, ela porém fugiu-me e largou-me como um dois de paus. Então corri atrás dela e, para chamá-la à ordem, atirei-lhe tudo o que me vinha às mãos. Fiz isso apenas para adverti-la. E reparti com ela as alegrias e os sofrimentos, como me mandastes, pois todas as vezes que lhe acertava alguma coisa, era motivo de alegria para mim e de sofrimento para ela e, vice-versa, quando falhavam os golpes, era motivo de alegria para ela e de sofrimento para mim. O Juiz, porém, não acatou essa resposta e, com toda justiça, deu-lhe merecido castigo.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

Este conto dos Irmãos Grimm ilustra, com uma dose de ironia e crítica social, os desafios e desentendimentos na dinâmica de um casamento infeliz, em que o alfaiate tenta justificar seu comportamento abusivo por meio de uma interpretação distorcida da ideia de „repartir alegrias e sofrimentos“. Embora o conto seja fictício, ele reflete problemas reais de abuso doméstico e a forma como, muitas vezes, agressores tentam racionalizar ou minimizar suas ações.

O alfaiate, uma figura insensível e violenta, tenta manipular a lógica para justificar seu comportamento abusivo. Ele argumenta que está apenas seguindo a ordem do juiz de repartir as alegrias e sofrimentos no casamento, mas isso é claramente uma distorção cínica do que foi ordenado. O relato destaca a frustração e a tristeza da mulher e a incapacidade do alfaiate de ver o erro em suas ações.

O conto serve como um lembrete de que a justiça deve manter um papel ativo em proteger os vulneráveis e em garantir que promessas feitas sob coação ou mal-entendidas não sejam usadas como desculpas para perpetuar a violência ou manipulação emocional. O juiz, ao não aceitar os argumentos do alfaiate e aplicar um castigo justo, cumpre o papel de agente moral, correto e necessário, reforçando a ideia de que maltratar o parceiro nunca é justificável.

A história, ao mesmo tempo em que expõe uma situação problemática e dramática, também utiliza a ironia para provocar reflexão sobre a seriedade do comprometimento nas relações e a necessidade de uma convivência baseada no respeito mútuo e na verdadeira partilha de experiências, boas ou más.

Este conto dos Irmãos Grimm oferece uma visão crítica e irônica sobre a dinâmica de poder e violência em relações abusivas. A história do alfaiate que distorce a interpretação do seu compromisso de repartir „alegrias e sofrimentos“ com a esposa leva a uma reflexão sobre justiça e responsabilidade social.

O alfaiate, um personagem insuportável e abusivo, representa aqueles que manipulam palavras e juramentos para justificar comportamentos inaceitáveis. Sua tentativa de justificar a violência emocional e física como uma distribuição igualitária de emoções apenas evidencia a natureza distorcida de sua lógica. Ele transforma situações de abuso em questões de supostas „diferenças de perspectiva“, onde a sua alegria em infligir dor se supõe um equilíbrio do sofrimento alheio.

A crítica central reside no reconhecimento da seletividade e insensibilidade na „interpretação“ que ele faz das ordens do Juiz. Esta manipulação de conceitos simples como „alegria“ e „sofrimento“ sublinha como alguns indivíduos podem tentar tergiversar obrigações morais e legais para continuar alimentando comportamentos destrutivos.

A intervenção da justiça, simbolizada pelo Juiz, é um ponto crucial que mostra que a sociedade deve rejeitar racionalizações enganadoras que sustentam relações abusivas. A recusa do Juiz em aceitar a explicação do alfaiate e a subsequente punição refletem a necessidade de um sistema que verdadeiramente protege e serve aos vulneráveis, estabelecendo limites claros contra a violência disfarçada de humor ou mal-entendidos.

Este conto nos lembra da importância de uma justiça eficaz e alerta para proteger aqueles que são frequentemente silenciados ou negligenciados em suas queixas, reforçando que o sofrimento de uma parte nunca deve ser desculpado como parte de uma suposta equidade emocional.

A análise linguística desse conto dos Irmãos Grimm revela várias camadas de significado e técnica narrativa. Primeiramente, a história utiliza uma linguagem clara e direta, típica de contos de fadas, que facilita a transmissão de uma lição moral simples: o abuso e a violência dentro de um relacionamento não são justificáveis sob nenhuma circunstância.

O uso do sarcasmo e do humor negro é notável na resposta do alfaiate ao Juiz, ao tentar justificar suas ações como uma repartição equitativa de „alegrias e sofrimentos“ com sua esposa. Essa tentativa de distorcer o compromisso inicial, usando a mesma linguagem para defender o indefensável, expõe a natureza absurda e cruel de suas ações, e ao mesmo tempo destaca a incapacidade ou desinteresse do personagem em mudar verdadeiramente.

Também é interessante notar a estrutura do conto em termos de justiça. Inicialmente, há uma intervenção do sistema jurídico, que busca corrigir o comportamento do alfaiate. A prisão a pão e água simboliza uma punição física e severa que, no entanto, falha em promover uma reforma moral genuína, refletindo talvez um comentário sobre a eficácia dos métodos punitivos tradicionais.

Por fim, o conto apresenta um final em que a justiça prevalece, demonstrando que mesmo as racionalizações mais criativas e retorcidas do comportamento abusivo não são aceitas pela sociedade (representada pelo Juiz). Essa resolução reforça a moral da história, que não apenas condena a violência doméstica, mas também a manipulação e a gaslighting, onde o agressor tenta distorcer a realidade para justificar seus atos.

Em resumo, o texto utiliza um enredo simples e uma linguagem acessível para abordar questões sérias e complexas, como o abuso doméstico, a manipulação psicológica, e as limitações dos sistemas de justiça, tudo isso permeado pelo típico tom moralizante dos contos de fadas.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 170
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 921D
TraduçõesDE, EN, DA, ES, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson45.2
Flesch-Reading-Ease Índice22.4
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice19
Coleman–Liau Índice10.3
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado10.9
Número de Caracteres2.469
Número de Letras1.935
Número de Sentenças19
Número de Palavras437
Média de Palavras por frase23,00
Palavras com mais de 6 letras97
percentagem de palavras longas22.2%
Número de Sílabas832
Média de Sílabas por palavra1,90
Palavras com três sílabas112
Percentagem de palavras com três sílabas25.6%
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