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Os presentes do povo pequenino
Grimm Märchen

Os presentes do povo pequenino - Contos de fadas dos Irmãos Grimm

Tempo de leitura para crianças: 8 min

Houve, uma vez, dois companheiros: um alfaiate e um ourives, que viajavam juntos pelo mundo. Certo dia, quando o sol já declinava atrás dos montes, ouviram ao longe os sons de uma música tão alegre, tão convidativa que, esquecendo a fadiga, se apressaram em direção do som. A lua brilhava com intensidade, quando chegaram a uma colina, onde viram uma multidão de homens e mulheres pequeníssimos, da raça dos gnomos que, de mãos dadas, pulavam, saltavam e dançavam em farândola; ao mesmo tempo, cantavam em coro, com voz deliciosamente melodiosa. Era a música que tinham ouvido os viandantes. No meio do círculo, estava sentado um velho um pouco mais alto que os outros; trajava roupa toda bordada a ouro, prata e pedras preciosas; a barba longa e branca chegava-lhe até à cintura. Os dois forasteiros detiveram-se e ficaram a olhar admirados aquela dança. Então, o velho fez um sinal, convidando-os, e o povo pequenino abriu caminho para os deixar passar. O ourives, que era corcunda, e como todos os corcundas era mais atrevido, aventurou-se primeiro e foi colocar-se ao pé do velho; o alfaiate, mais tímido, ficara de lado mas, quando viu que se divertiam tão gostosamente, criou coragem e acabou por imitar o companheiro. Então, fechou-se o círculo e os pequenos duendes começaram uma sarabanda cada vez mais louca. De repente, o velho tirou do cinto uma faca e pôs-se a afiá-la com muito esmero; quando acabou olhou em redor à procura dos forasteiros. Estes ficaram espantados, mas não tiveram tempo de refletir; o velho agarrou-os pelo pescoço com força extraordinária e, num abrir e fechar de olhos, raspou-lhes a cabeça e a barba com ligeireza única; depois largou-os e, batendo-lhes no ombro amigavelmente, sorriu, como se quisesse dizer que tinham feito bem em tolerar tudo de boa vontade, sem opor resistência. Em seguida, mostrou-lhes com a mão um monte de carvão que estava ao lado e deu-lhes a entender, por meio de sinais, que, em recompensa da sua condescendência, os autorizava a encher os bolsos. Obedeceram ambos, ignorando, contudo, qual o proveito que poderiam tirar desse carvão. Depois o velho acenou um adeus e eles saíram do círculo, tomaram pelo atalho e chegaram à estrada real. Nesse momento, soou meia-noite na igreja do mosteiro vizinho. No mesmo instante, cessaram os cantos e as danças e toda aquela gente miúda desapareceu, restando só a colina banhada polo luar prateado. Os dois viajantes acabaram por encontrar uma hospedaria; estavam tão cansados que se deitaram na palha, cobrindo-se com os gibões, esquecendo de tirar os carvões dos bolsos. Acordaram pela manhã muito cedo, com a sensação de um grande peso a entravar-lhes os membros; era, simplesmente, o peso enorme que tinham nos bolsos. Meteram as mãos nos bolsos e qual não foi a agradável surpresa ao verem que os carvões se haviam transformado em ouro maciço! E, com grande alegria, notaram que os cabelos e a barba tinham crescido novamente. De pobres que eram, estavam agora muito ricos; o ourives, ambicioso e cheio de cobiça como era, tinha por instinto apanhado mais carvão do que o bom alfaiate e possuía duas vezes mais ouro do que ele. Um ambicioso, se tem muito, ainda quer mais; lastimava não ter enchido também o chapéu, e propôs ao amigo voltar à noite à colina para pedir ao velho um tesouro maior. Mas o alfaiate, de natureza modesta, respondeu:

– Não, eu tenho o suficiente; volto para casa, monto uma alfaiataria e caso com a Joana (assim se chamava sua noiva) e seremos muito felizes. Quanto a ti, faze como quiseres; se fores lá, espero-te aqui até amanhã. A noite, o ourives levou dois sacos enormes e foi à procura do atalho que conduzia à colina; lá chegando, encontrou, novamente, os gnomos cantando e dançando como na noite anterior. Tudo se passou igualmente; o velho rapou-o e indicou-lhe o monte de carvão. O ourives não se fez de rogado, encheu os sacos até mais não poder; depois retirou-se e, de volta à hospedaria, deitou- -se radiante e feliz. – Embora pese todo esse ouro, suportá-lo-ei de bom grado, – pensou ele. Cobriu-se com o gibão e adormeceu, antegozando a felicidade de acordar rico como um nababo. Quando acordou pela manhã, correu aos sacos para ver as barras de ouro; mas qual não foi o seu espanto, quando só encontrou carvões negros! E nos bolsos a mesma coisa! Quando voltou a si da cruel decepção, pensou: „Acho que foi apenas um sonho; resta-me, porém, o ouro da véspera,“
Foi ao armário onde o tinha fechado; o belo metal cintilante também se havia transformado em carvão cheio de pó. Caiu no chão, o coração despedaçado por dor insuportável; levou a mão à cabeça para arrancar os cabelos e não os encontrou; estava tão calvo como a palma da sua mão. Chorou de raiva; mas não chegara ainda ao fim das suas desgraças; para compensar a corcunda que tinha nas costas, viera-lhe outra na frente. Então, reconheceu que tudo isso era o justo castigo pela sua cobiça, e chorou amargamente. O bom alfaiate que, nesse interim, havia acordado, consolou-o o melhor que pôde, dizendo-lhe:

– Tudo não está perdido para ti; és meu amigo e meu companheiro de viagem, viverás comigo e dar-te-ei metade do meu ouro; com o que me resta, ainda sou mais rico do que nunca esperei ser. O bom alfaiate cumpriu a palavra; mas o pobre ourives, como castigo da excessiva cobiça, teve de aguentar pelo resto da vida as duas corcundas e usar sempre um barrete para esconder a careca.

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Antecedentes

Interpretações

Língua

Essa narrativa dos Irmãos Grimm, „Os Presentes do Povo Pequenino“, é uma clássica fábula moral que explora temas de cobiça, humildade e as repercussões de nossas escolhas. Ela segue a tradição dos contos de fadas ao usar elementos mágicos e seres sobrenaturais, neste caso, gnomos, para simbolizar lições morais.

Na história, temos dois companheiros viajantes, o alfaiate e o ourives. O alfaiate é caracterizado por sua humildade e contentamento, enquanto o ourives representa a cobiça e ambição desmedida. Quando os dois encontram o povo pequenino, eles recebem a oferta de carvão como forma de recompensa. O alfaiate, humilde, aceita o presente sem questionar, descobrindo posteriormente que o carvão se transformou em ouro, suficiente para uma vida tranquila. Em contraste, o ourives, motivado pela ambição, retorna para buscar mais e acaba perdendo tudo, incluindo o que havia ganhado inicialmente, e sofre transformações físicas como consequência de sua avareza.

Como em muitos contos dos Irmãos Grimm, a narrativa é uma lição clara sobre as qualidades do caráter humano. A humildade e a gratidão do alfaiate são recompensadas com prosperidade e satisfação, enquanto a cobiça do ourives leva à autodestruição e decepção. O final, onde o alfaiate oferece dividir sua fortuna com o ourives, reforça a importância da generosidade e da amizade verdadeira.

A linguagem e o enredo simples, mas ricos em simbolismo, são característicos das histórias dos Irmãos Grimm, que frequentemente abordam questões éticas e morais complexas através de narrativas encantadas que continuam a ressoar com leitores de todas as idades.

O conto „Os Presentes do Povo Pequenino“, dos Irmãos Grimm, oferece várias interpretações a partir de suas metáforas e lições morais. Destacarei algumas possíveis abordagens para compreender o significado dessa narrativa:

A Consequência da Cobiça: O conto ilustra a lição moral sobre os perigos da ambição e da cobiça. Enquanto o alfaiate se contenta com o que recebeu e prefere viver uma vida modesta e feliz, o ourives, impulsionado pela cobiça, tenta obter mais do que precisa e, como resultado, acaba perdendo tudo. A transformação do ouro em carvão é simbólica da avareza que leva à ruína.

A Virtude da Modéstia e Contentamento: O comportamento do alfaiate, que escolhe uma vida simples e valoriza o que já possui, é recompensado. Essa moralidade destaca a importância de ser grato pelo que se tem, ao invés de buscar constantemente mais, o que muitas vezes leva à frustração.

A Interação com o Sobrenatural: A dança com os gnomos e suas consequências refletem temas comuns nos contos de fadas, onde interações com o mundo mágico têm regras específicas. A obediência e respeito às normas sobrenaturais geram recompensas, enquanto a transgressão pode trazer penalidades severas.

A Transformação Simbólica: O conto também pode ser lido como uma alegoria para transformação pessoal. A experiência sobrenatural dos protagonistas muda suas vidas, impondo uma reflexão sobre caráter e escolhas. O cabelo raspado e as corcundas podem ser interpretados como marcas externas das falhas internas.

O Valor do Companheirismo: Apesar das diferenças e do erro do ourives, o companheirismo entre ele e o alfaiate é ressaltado pelo ato final de solidariedade do alfaiate, que compartilha suas riquezas com o amigo. Este gesto enfatiza o valor da amizade verdadeira e do apoio mútuo em tempos de adversidade.

Essas camadas de interpretação oferecem uma rica análise do conto, refletindo sobre ética, relações humanas e a interação com forças além do nosso controle.

O conto dos Irmãos Grimm, „Os presentes do povo pequenino“, explora temas clássicos de contos de fadas, como magia, moral e as consequências do comportamento humano. A análise linguística deste conto revela aspectos interessantes sobre a linguagem e sua função na trama.

A estrutura do conto segue o modelo tradicional dos contos de fadas com uma introdução, um desenvolvimento com o clímax durante o encontro com os gnomos, e um desfecho que traz uma moral. A simplicidade da linguagem é típica dos contos de fadas, destinados a um público amplo e de diversas idades.

O alfaiate: Representa a humildade e a modéstia. Sua linguagem e ações são mais tímidas e reservadas.

O ourives: Simboliza a ambição e a cobiça. Sua linguagem corporal é descrita como mais atrevida.

O velho gnomo: Uma figura mágica que conduz o enredo. Sua autoridade é estabelecida sem diálogo falado, mas através de gestos e ações.

Descrição vívida: O conto utiliza descrições detalhadas para criar a atmosfera de mistério e magia, como as roupas bordadas do velho e a transformação do carvão em ouro.

Diálogo econômico: Há poucos diálogos diretos, mas os sentimentos e intenções dos personagens são expressos através de ações e descrições narrativas.

Simbologia: Elementos como o ouro e o carvão têm significados simbólicos profundos, refletindo as recompensas e punições morais.

O conto transmite uma lição clara sobre os perigos da cobiça e a recompensa da modéstia. A transformação do ouro em carvão e as penalidades físicas impostas ao ourives ilustram essas consequências de forma tangível.

Os gnomos e o velho servem como agentes do destino, introduzindo o elemento sobrenatural que provoca a mudança na vida dos protagonistas. Este é um mecanismo comum em contos de fadas para introduzir lições através de intervenções mágicas.

A linguagem do conto é direta, mas rica em simbolismo e intenção moral. A simplicidade da narrativa combina com a profundidade das lições ensinadas, fazendo de „Os presentes do povo pequenino“ um exemplo clássico e atemporal da literatura de contos de fadas. Essa simplicidade, aliada às características fantásticas, permite que a mensagem moral ressoe facilmente com leitores de todas as idades.


Informação para análise científica

Indicador
Valor
NúmeroKHM 182
Aarne-Thompson-Uther ÍndiceATU Typ 503
TraduçõesDE, EN, DA, ES, FR, PT, IT, JA, NL, PL, RO, RO, RU, TR, VI, ZH
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson45.9
Flesch-Reading-Ease Índice18.9
Flesch–Kincaid Grade-Level12
Gunning Fog Índice19
Coleman–Liau Índice10.6
SMOG Índice12
Índice de legibilidade automatizado11.9
Número de Caracteres5.406
Número de Letras4.271
Número de Sentenças39
Número de Palavras953
Média de Palavras por frase24,44
Palavras com mais de 6 letras205
percentagem de palavras longas21.5%
Número de Sílabas1.838
Média de Sílabas por palavra1,93
Palavras com três sílabas248
Percentagem de palavras com três sílabas26%
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