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Os peixes, havia muito tempo, estavam descontentes, porque em seu país não mais reinava a ordem; não se importavam uns com os outros e cada qual nadava para a direita ou para a esquerda, conforme lhe dava na cabeça, entrando pelo meio do cardume daqueles que preferiam manter-se juntos, ou, então, atrapalhava-lhes o caminho sem a menor consideração. O mais forte maltratava o mais fraco, dando-lhe rabanadas que o jogavam para longe, ou o devorava sem mais aquela.
– Oh, como seria bom se tivéssemos um rei, que fizesse respeitar entre nós a lei e a justiça! – murmuravam os peixes. Um belo dia, reuniram-se e combinaram escolher o seu senhor, o qual deveria ser o que com maior rapidez soubesse cortar as ondas e correr em auxílio do mais fraco e do que se encontrasse em perigo. Resolvido isto, colocaram-se todos enfileirados junto à margem; o lúcio deu o sinal com sua cauda e, num só arremesso, partiram todos ao mesmo tempo. O lúcio projetou-se qual uma seta e com ele o arenque, o gobião, a perca, a carpa, enfim, seja lá que nome for, todos os demais peixes. A solha também competia com eles, cheia de esperança de alcançar a meta. Subitamente, ressoou um grito:
– O arenque está na frente de todos! – Quem é que está na frente? – gritou agastada e com inveja a solha que, por sinal, ficara muito atrás dos outros. – Quem está na frente? – O arenque! o arenque! – responderam-lhe. – Aquele miserável arenque! – gritou ela espumando de inveja, – aquele miserável arenque! – e torceu a boca de raiva. Desde esse dia, por castigo, a invejosa solha ficou com a boca torta.

Antecedentes
Interpretações
Língua
Este conto dos Irmãos Grimm, „A Solha“, é uma pequena fábula que utiliza elementos do mundo aquático para transmitir uma lição moral sobre inveja e suas consequências. A narrativa gira em torno do desejo dos peixes de terem um rei que pudesse instaurar ordem e justiça entre eles, pois estavam insatisfeitos com o caos e a agressividade prevalentes.
Para escolher seu rei, os peixes organizam uma competição baseada na habilidade de nadar rapidamente e ajudar os mais fracos. Durante a competição, o arenque se destaca e fica à frente dos outros, o que desperta a inveja da solha, que se encontra atrás. Inconformada com o sucesso do arenque, a solha reage com tanta inveja que distorce sua própria boca de raiva, e é punida com uma boca torta para sempre.
Esta fábula possui características comuns aos contos dos Irmãos Grimm, como animais antropomorfizados e uma moral clara. A história ensina que a inveja é um sentimento destrutivo que pode resultar em consequências negativas, simbolizadas pela deformidade permanente da solha. Além disso, o conto destaca valores como a justiça, a cooperação e a valorização do mérito, ao mostrar que o rei ideal deveria ser aquele que usa sua rapidez e força para proteger os mais frágeis.
Este conto dos Irmãos Grimm, „A Solha“, oferece uma narrativa sobre a busca dos peixes por ordem e liderança em sua comunidade subaquática. Através de uma competição para determinar quem seria o rei, o conto explora temas de justiça, mérito e inveja.
Os peixes decidiram escolher seu líder com base em quem poderia defender os fracos e oferecer proteção, um critério que enfatiza o valor da liderança benevolente e protetora. No entanto, ao longo da corrida, vemos como a inveja pode obscurecer o julgamento e provocar comportamentos indesejáveis.
A solha, que participa da corrida cheia de esperança, se vê tomada por inveja quando ouve que o arenque está na dianteira. Seu ressentimento cresce tanto que acaba deformando sua própria boca, uma metáfora poderosa para os efeitos destrutivos da inveja. Isto ilustra como o ressentimento pode ter consequências duradouras, prejudicando aqueles que o sentem mais do que aqueles que são alvo de tal sentimento.
A moral do conto destaca os perigos da inveja e a importância de aceitar o sucesso alheio com graça. Em vez de reconhecer o mérito no esforço do arenque, a solha permite que sua amargura a consuma, resultando em um castigo físico que simboliza como a inveja pode distorcer a perspectiva e a própria vida de uma pessoa. Os Irmãos Grimm, através desta narrativa, alertam contra os perigos de sentimentos negativos e ressaltam a necessidade de celebração e reconhecimento do mérito alheio em uma comunidade.
A análise linguística deste conto de fadas, „A Solha“, dos Irmãos Grimm, revela várias camadas de significado e características estilísticas que são típicas da narrativa folclórica. Vamos explorar alguns dos elementos linguísticos e temáticos presentes nesta história:
Personificação e Antropomorfismo: Os peixes são personificados, dotados de características humanas, como a capacidade de sentir descontentamento, desejar uma liderança justa e expressar inveja e raiva. Essa personificação é comum em contos de fadas, permitindo que os animais se tornem espelhos das virtudes e fraquezas humanas.
Estrutura Narrativa: A narrativa possui uma estrutura clara e direta, com uma situação inicial de desordem, o desenvolvimento por meio da competição para eleger um rei, e a resolução que traz uma moral baseada na punição da inveja. A simplicidade estrutural é uma característica típica dos contos de fadas, facilitando a transmissão de valores e ensinamentos.
Tema e Moralidade: O tema central do conto gira em torno da ordem social e justiça. A competição para encontrar um líder justo reflete a necessidade de organização social.
A moral final do conto é clara: a inveja e o desrespeito pelas conquistas dos outros trazem punições, simbolizadas pela boca torta da solha. Esse tipo de moralidade é frequente nos contos de fadas dos Irmãos Grimm.
Repetição e Ênfase: A repetição de frases como „o arenque! o arenque!“ destaca o triunfo do arenque e enfatiza o aumento da inveja da solha. Essa repetição serve para criar um ritmo na narrativa e sublinhar pontos importantes, aumentando o impacto da mensagem moral.
Linguagem Simples e Descritiva: A linguagem usada é acessível e direta, com descrições vívidas, como „projetou-se qual uma seta“ para descrever a rapidez do lúcio. Este tipo de linguagem não apenas torna a história envolvente para um público amplo, mas também ajuda na criação de imagens mentais na experiência do leitor ou ouvinte.
Castigo e Transformação: O final do conto apresenta uma transformação física como consequência das ações morais da solha. Essa mudança visível simboliza uma lição aprendida e é uma técnica narrativa comum, usada para mostrar que ações erradas levam a consequências que frequentemente têm repercussões na própria identidade dos personagens.
Em suma, „A Solha“ utiliza elementos linguísticos e narrativos típicos de contos de fadas para transmitir lições de moralidade e virtude, refletindo sobre as fraquezas humanas por meio de uma história aparentemente simples, mas rica em significado.
Informação para análise científica
Indicador | Valor |
---|---|
Número | KHM 172 |
Aarne-Thompson-Uther Índice | ATU Typ 250A |
Traduções | DE, EN, DA, ES, PT, IT, JA, NL, PL, RU, TR, VI, ZH |
Índice de legibilidade de acordo com Björnsson | 33.7 |
Flesch-Reading-Ease Índice | 34.1 |
Flesch–Kincaid Grade-Level | 12 |
Gunning Fog Índice | 15 |
Coleman–Liau Índice | 10 |
SMOG Índice | 12 |
Índice de legibilidade automatizado | 6.2 |
Número de Caracteres | 1.583 |
Número de Letras | 1.223 |
Número de Sentenças | 20 |
Número de Palavras | 279 |
Média de Palavras por frase | 13,95 |
Palavras com mais de 6 letras | 55 |
percentagem de palavras longas | 19.7% |
Número de Sílabas | 523 |
Média de Sílabas por palavra | 1,87 |
Palavras com três sílabas | 66 |
Percentagem de palavras com três sílabas | 23.7% |